Ontem, o povo português comemorou a grande vitória contra o fascismo que se estruturou desde o ano de 1933, numa das porções da península ibérica, com a instalação do Estado Novo e a criação do partido de União Nacional. A luta de resistência do povo estabeleceu-se, nos campos e nas cidades, contra a brutalidade de uma estrutura pública e privada que oprimiam o povo, em nome da verdade que proclamavam. Foram derrotados pela verdade das massas e da classe trabalhadora. Saúdo os portugueses em promoverem com grande motivação a vitória de seu povo contra o autoritarismo forjado no conservadorismo, na família e em Deus. Hoje, os fascistas organizam-se em torno do partido Chega.
Trago essa referência, a fim de realizar um diálogo sobre a necessidade da sociedade brasileira de conter os arroubos fascistas que se estruturam em torno de parlamentares, militares e empresários, capitaneados por Bolsonaro e sua retórica “Deus, Pátria e Família”. Ser contra a fração fascista, no Brasil, que se espalha por todo território nacional, possui capilaridade eleitoral – basta vermos a quantidade de parlamentares eleitos – não é ser contra as insígnias. Porém, devemos compreender Deus não como um dogma apenas do cristianismo, mais em suas múltiplas formas e significações existentes na sociedade.
A pátria sempre será sobre a lógica burguesa compreendida como uma ferramenta integradora de um povo, portanto, defendida como uma essencialidade, até que possamos avançar quanto a existência de fronteiras – isso ainda demorará. Assim, a defesa da pátria não pode se resumir a defesa dos símbolos nacionais ou de cores, como propõe os seguidores do sonegador de joias. Precisamos defender uma nação inclusiva, com ampla integração social, econômica e cultural superando a lógica reduzida de pátria dos fascistas das mídias sociais.
A família é a essencialidade da organização das pessoas desde sempre. A história demonstra que os vínculos familiares possibilitaram o pleno desenvolvimento do homo sapiens sapiens. Portanto, tentar assumir o tema como uma exclusividade, surge apenas por segmentos que se coadunam em torno de negar determinadas estruturas familiares, por exemplo as organizações formuladas pela união de pessoas do mesmo sexo. A idealização cristã de vida em comunhão serve apenas de pessoas com sexo opostos, conquanto, somos um país laico. Essa segregação não é nova, brancos e pretos já foram proibidos de conviverem juntos, índios compondo uma família com um colonizador era coisa do demônio. Portanto, a lógica de defesa da família é uma lógica baseada na exclusão do outro, principalmente da mulher que figura como um ser secundário nesta lógica machista.
Essa retórica é fundamental a construção do pensamento fascista, principalmente por utilizar dogmas cristãos catalisando pessoas na defesa do aniquilamento do divergente. Daquela pessoa promotora de outras formas de organização da vida em sociedade, não há aqui defesa da pátria, ao contrário existe a defesa de frações que compõe essa pátria. Os demais são rejeitados a exemplo do que ocorre com os quilombolas e indígenas durante o governo anterior, ou mesmo com os adeptos das religiões de matrizes africanas, a comunidade LGBTQIA+. Desta forma, não forjamos uma sociedade, criamos uma máquina de opressão e sofrimento de pessoas.
A expressão fascista, capitaneada por bolsonaro e seus asseclas golpistas, surge com a tentativa de sedução das forças armadas como ferramentas de opressão da sociedade, esse era um recado claro aos afoitos decantadores de teorias destrutivas das liberdades, temos as armas para o que for necessário. Não é a toa que o candidato a vice-presidente na chapa do PL, Braga Neto, falou a uma senhora que “acalme-se ainda não terminou”. A trupe derrotada, pelo povo brasileiro, tentou efetivar o golpe, a não adesão das forças armadas, impôs a tentativa final, com o terror imposto pelas ameaças de bombas e a destruição das sedes dos poderes, no dia 08/01/2023. A busca era tentar construir uma adesão massiva, negada pelo povo brasileiro.
A sociedade escolheu a democracia, a cultura de paz, a pluralidade religiosa e de gênero, defesa da educação e saúde, geração de emprego e distribuição de renda, além de suspensão da política de privatização e do ódio. Esse foi o projeto eleitoral vitorioso. Precisamos agora derrotar o protofascismo que tenta sobreviver fora do espaço institucional, inviabilizando sua entrada em organizações das massas. É fundamental que os trabalhadores e as trabalhadoras de mãos dadas consolidem a defesa da democracia, a fraternidade e a solidariedade como referências sociais de fortalecimento de nossa nação. Unidos podemos impor a derrota final aos fascistas de Pindorama, seja no campo das ideias, quanto no campo da gestão institucional. A unificação das diversas matizes ideológicas que promovem a defesa da liberdade é urgente, para superar a segregação como ferramenta de solidificação do Estado.
CPMI
A posição do Partido Liberal (PL) supera toda a compreensão organizativa de um estrutura política. Parece-me claramente o que era um partido transformou-se, sob o encantamento da serpente, em uma horda delinquente que desdenha completamente da democracia e de nosso povo. Primeiro é inadmissível que a proposição da CPMI tenha como referência um deputado deste partido que divulgou e comemorou a destruição das sedes dos poderes da República. Lamentável que senadores e deputados não tenham impedido tamanha barbaridade permissível do PL, que permitiu um investigado pelo golpismo terrorista de 08/01/2023, ser propositor da CPMI, não podemos tergiversar com a extrema direita. No entanto não pararam por aí. O PL agora quer indicar esse parlamentar, a exemplo de outros, a comporem a CPMI como titulares do partido. Não é possível que a sociedade admita a perpetuação dessa indecência em nosso parlamento. Não podemos ser complacentes com esse absurdo que transformará nosso parlamento em uma casa de horrores, defensora de golpistas. Mesmo com os direitos parlamentares vigentes, não podem, esses parlamentares, integrarem uma comissão de investigação dos atos que eles potencializaram e culminaram com uma das cenas mais terríveis que presenciamos, exclusivamente por não aceitarem a derrota e defenderem um golpe de estado. Agora, a responsabilidade da indicação é do PL e do líder da bancada.
TRABALHAR?
Nesta terça-feira a Ca$a Legi$lativa, do nosso querido estado, promoveu mais uma vergonha. Fruto da preguiça ou de outros interesses? Não sabemos, provavelmente nunca descobriremos efetivamente o que leva aos deputados e deputadas estaduais a faltarem trabalho. A diferença entre essa falta privilegiada e a da classe trabalhadora é que nós, simples mortais, teríamos nosso ponto cortado, eles não precisam se preocupar com isso, mesmo sem trabalharem terão seus subsídios. Isso, recebem subsídios, a fim de garantir alguns privilégios da lei, dentre estes não se encontra o corte do ponto. A preguiça remunerada é garantida pelo Presidente da ALE/RR, Sampaio, membro do partido Republicano. Com a sessão de hoje chegamos a 5 sessões não realizadas por ausência de parlamentares. Precismos como sociedade cobrar o corte no salário de todos os faltosos que querem utilizar o dinheiro de nossos impostos para continuar a comer caviar, enquanto não temos dinheiro para comer ovos.
CONSERVADORISMO
Alguns políticos adoram encher a boca para afirmar que defendem o conservadorismo e a família. Muitos deles possuem filhos e filhas abandonados, por não os reconhecerem, mas mesmo assim são defensores da família. Existem àqueles que batem em mulheres ou as expõe em esquemas, desenhados pelas verdes folhas comidas pelo inseto da corrupção, ainda assim, são ornados pela retórica da família. E o conservadorismo que etimologicamente é definido como a defesa das instituições sociais no contexto da cultural e da civilização. Qual as instituições sociais que defendem esses políticos? Em minha opinião defendem a manutenção dos privilégios para realizar casamentos com flores importadas de SP, ou mesmo para garantir filhos (as), esposas e amantes remuneradas pelo estado roraimense. Enquanto, você tenta se virar como freelance ganhando menos de setecentos paus por mês e trabalhando mais de 12h por dia. Não posso deixar de mencionar que os políticos que bradam seu conservadorismo possuem, acredito eu, como referência da manutenção importante, ao funcionamento deste estado injusto, os diversos esquemas de corrupção. Outro recém chagado e que se atrela a lógica do conservadorismo fez questão de anunciar a felicidade de tirar uma foto com o presidente do PL, eu não tiraria, pois ele foi preso por corrupção e a tornozeleira o acompanhou durante muitos anos, sinceramente não sei se continua adornar o tornozelo do fotografado com um fedelho da política roraimense.
TRANSPARÊNCIA
Solicitar do governo Denarium transparência com a gestão dos recursos públicos é incoerente. Porém, solicito aos preguiçosos da Ca$a Legi$lativa a exercerem seu papel de representantes do povo, propondo um projeto de lei que permita a divulgação de todos os beneficiários de isenções e subsídios da gestão pública roraimense, no site de transparência do governo estadual. Essa é uma medida fundamental tendo em vista que somos nós que pagamos estes incentivos públicos, com o suor do nosso trabalho. Portanto, não pode ser segredo os beneficiários de nossos impostos, os quais, muitas vezes, possuem apenas seus nomes divulgados no diário oficial, isso não pode ser compreendido como atendimento da transparência. Precisamos desta relação pública, além da criação de estruturas de acompanhamento para monitorar se cumprem as condicionalidades exigidas pelos normativos legais que regulamentam os benefícios, a exemplo da famigerada lei dos fazendeiros nº 215/1998. Essa radicalização democrática e a devida auditoria de todos os incentivos propus na campanha ao governo. Como sei que a oligarquia que governa Roraima não chegará a tanto, acredito que a divulgação dos dados seria um passo importante no rumo da transparência.
PEGA NA MENTIRA
A funcionária do PL, Michele Bolsonaro, teve sua versão das joias que entraram por descaminho no país desconstruída por uma das funcionárias do palácio do planalto. A liberal e defensora da verdade, mentiu ao afirmar que não tinha conhecimento das joias milionárias dadas pela ditadura da Arábia Saudita. Em depoimento, ontem, a assessora informou que as joias não apreendidas pela receita federal em guarulhos, mocozada pela comitiva do ministério das minas e energia, foram entregues pessoalmente a ex-primeira dama. Poxa! Comprova-se mais uma vez que a mentira é algo normal na vida política do casal que fugiu do país no final de dezembro. Onde se encontram a defesa de Deus tão proclamada pelos dois mentirosos, já que um dos principais mandamentos proclamados pelo cristianismo é não mentirás. Vejamos o que falará as investigações ante as contradições e as distorções propositais para dificultar as investigações.
Bom dia com alegria.
Fábio Almeida
Jornalista e Historiador.
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