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Foto do escritorFabio Almeida

25/06/2024

Ontem foi São João, o santo católico que profetizava a vinda do messias. Na realidade consiste na figura histórica de João Batista, primo de Jesus de segundo grau e que realiza, conforme a bíblia o batismo do filho de “Deus”, antes deste enfrentar o sinédrio e afirmar que a “casa de seu pai não era a casa de negócios”, seria a casa da salvação, não da subjugação pelo dinheiro.


Relembro essa passagem do cristianismo romano, a fim de introduzir como o Brasil se transformou em um país de negócios para poucos, enquanto milhões de brasileiros, a exemplo do Kasi Sanumá, passam fome, vendo a TV, rádios e as mídias sociais apontarem que passamos a Itália e nos tornamos a 8ª economia do mundo. Não há vida no mundo dos negócios, acertou Jesus, 1.600 anos antes da ascensão da burguesia.


Somos um país de contradições históricas, fruto não apenas da submissão de nossos políticos a interesses internacionais do sistema financeiro e produtivo, mas também de um projeto de nação que foi organizado, desde a colônia por meio da centralização da renda e da riqueza nas mãos de uns poucos inexoráveis que se apropriam das receitas públicas e bradam pela imprensa e pelas redes sociais a defesa do estado mínimo. Uns hipócritas.


Mas, são essas pessoas que devem abocanhar cerca de R$800 bilhões do orçamento público, em 2024, isso significa cerca de 6,5 vezes os recursos que serão destinados ao financiamento da educação, pelo governo federal. Ou seja, trabalhamos, pagamos impostos para que cerca de 3 mil pessoas possam lucrar bilhões, enquanto nós vermos nossos filhos sem fardamento ou transporte e merenda escolar. Temos governos que inebriados com a possibilidade de ver seu rosto na revista Time, cedem o bem-estar de nosso povo, para ampliar a concentração da riqueza.


Esse é um debate que circunda amplas rodas no Brasil. Mas, infelizmente não foi apreendido pela classe trabalhadora. A lógica rentista da economia brasileira escancara a crise do sistema capitalista, estruturado na capacidade de transformação das coisas - inclusive das pessoas. Marx em seus estudos apontava que a essência do capital consiste em produzir mercadoria para gerar dinheiro que permitirá mais produção de mercadoria. 


No entanto, a periferia da divisão internacional do trabalho se transforma a cada ano em um fomento de dinheiro sem passar pelo processo produtivo capitalista, normalmente a imprensa brasileira denomina esse conjunto de especuladores financeiros de mercado, apesar deles não atuarem no comércio, pois a rede financeira ganha dinheiro com a exploração e privatização dos orçamentos públicos. Podemos inclusive denominar o método como uma nova etapa da colonização imposta pelos países desenvolvidos.


Neste contexto, o presidente Lula acerta ao trazer esse tema ao debate público. Apesar de seu governo ter iniciado com um sinal verde aos banqueiros e especuladores, após a aprovação da nova regra fiscal, ao garantir que 30% de toda a arrecadação será destinada integralmente para garantir o financiamento dos rentistas. Valores que só crescem, gastamos em 2023 cerca de 46% dos recursos orçamentários com pagamento de juros, se computarmos outras despesas financeiras, excluídos os repasses obrigatórios aos Entes federados, essa cifra chega a 52% do orçamento federal. Ou seja, trabalhamos para sustentar parasitas que ampliam a pobreza, a fome e o desemprego em nosso país.


Mas, a semana passada terminou com o mandatário do Palácio do Planalto enaltecendo que as regras de expropriação financeira da riqueza brasileira precisam ser enfrentadas pela sociedade. A classe trabalhadora, os empresários e a intelectualidade devem transformar esse em um tema central do processo de reconstrução nacional. Sua subjugação a um papel menor imprimirá a continuidade das dificuldades enfrentadas pelo nosso povo. Por isso, vejo como importante as falas de Lula contra a alta dos juros básicos de nossa economia. Acredito que o governo erra ao transformar o tema em um embate com Bolsonaro, já que esse possui influência sobre a maior parte dos membros do Banco Central, instituição responsável pela gestão monetária do país.


Não há como falar em pleno desenvolvimento com um BC trabalhando contra o povo brasileiro. Pagamos hoje a rentabilidade de juros mais cara do mundo, retirando recursos de investimentos, educação, saúde, proteção ambiental e geração de empregos. Esse debate necessita sair dos círculos da alta política e dos noticiários pró-mercado para chegar às mesas de nossas residências e dos bares. Precisamos debater que país queremos? Tendo como referência o combate à concentração de renda e riqueza, algo estruturado por meio da política monetária e fiscal vigentes no país.


No tocante às alianças para garantir o enfrentamento político, o Presidente da República começa uma peregrinação com políticos e empresários para ampliar o apoio a garantia de uma política monetária que fomente a sustentabilidade de nossa moeda, controle da inflação, mas também, permita a geração de emprego para nosso povo.


Mas, são nossas entidades sindicais que possuem papel fundamental nesse processo, especialmente em virtude de sua capacidade de mobilização da classe trabalhadora, instituição capaz de reordenar essa política financeira estruturada ainda no governo FHC, ampliada a partir do golpe parlamentar de 2016. Muitos afirmam que somos o país do futuro. Mas, existirá futuro com uma participação cada vez maior do "mercado" sobre o orçamento público? Acredito que não.


Por isso, precisamos conter os arroubos dessa elite financista que pressiona o governo, por meio do congresso e da grande imprensa a promover cortes na educação e na saúde, em um primeiro momento, as propostas giram em torno da desvinculação da obrigatoriedade de gastos mínimos e da vinculação da participação desses setores estratégicos, a vida de nosso povo, no orçamento público. Na realidade a banca quer não apenas evitar que mais recursos sejam destinados a essas áreas, agora eles querem meter a mão no pouco recurso destinado. O fim da vinculação de receitas mínimas no orçamento público dos Entes federados permitirá que mais dinheiro possa financiar ganhos financeiros.


Portanto, o povo brasileiro necessita enfrentar os especuladores e disputar de peito aberto o orçamento público. As ruas são o caminho mais seguro por falarmos de questões estruturais mantidas por gente que tem muita grana, o outro caminho é a pressão política sobre os parlamentares, esses pensam em voto, uma mobilização popular permitiria que várias posições de parlamentares em favor dos financistas começassem a mudar, reorientando o orçamento que passaria a responder às necessidades da vida real de nosso povo.

 

Linda Mobilização

As mulheres brasileiras demonstraram uma capacidade de mobilização de grande força política no enfrentamento ao PL 1904/2024, denominado PL dos estupradores. As ruas brasileiras encheram-se de garra e fibra dos corpos femininos que ajudam a construir essa nação e estavam sendo impingidas a manter uma gravidez oriunda de estupro, quando o projeto penaliza com 20 anos de cadeia a mulher que abortar o fruto da violência sexual após a 22ª semana de gravidez. Espero que essa capacidade de mobilização extrapole para outras questões fundamentais às mulheres, a exemplo da luta contra a expropriação do orçamento público imposto pela especulação financeira e pelo cartel de bancos. No próximo dia 27/06, as 16h, teremos um ato em Boa vista que se realizará em frente a Assembleia Legislativa. Participe.

 

Ciro Gomes

A presença da liderança pedetista em Roraima teve algo importante. Vi bolsonaristas de carteirinha aplaudindo as críticas contundentes do ex-presidenciável contra as ideias da extrema-direita, capitaneada por Bolsonaro. Na realidade minha inquietude com essas pessoas aumenta a cada dia, em virtude de não aceitar que o nível de analfabetismo político se espraie de forma tão generalizada em nosso Estado. Preocupa-me especialmente os jovens, pois são essas pessoas volúveis e sem compreender sua existência que permite aplausos a uma crítica sobre sua atuação política. O que fizemos para gerar tantas pessoas imbecis? Essa é uma responsabilidade nossa, deste conjunto de pessoas que formam a sociedade roraimense. Hilário foi ver um membro do partido Novo ser publicamente rebatido, sobre a lógica bruta de Ciro Gomes e ainda agradecê-lo.

 

Sanumá

Temos um grupo de 40 indígenas que moram há 2 anos em uma área de preservação ambiental no bairro jardim tropical I. Os fatores que os fizeram vir para cidade foram a fome, suicídios e a criação de uma criança com deficiência mental. Aqui, sobrevivem da catação de latinhas e da ajuda de pessoas para garantir o mínimo de uma alimentação diária. A Frente de Proteção Etnoambiental que tem a responsabilidade de proteger o território e os indígenas da TI Yanomami conhece o fato, mas é incapaz de encaminhar qualquer solução, pois a retórica se restringe a cobrar o retorno das pessoas para sua comunidade. A pergunta de Kaci Sanumá é: como querem que eu volte para o lugar que vi meu povo morrer? O crescimento dos povos que moram nesta terra indígena vai ampliar cada vez mais os grupos que se deslocam para morar em nossas cidades. É preciso que o poder público federal, estadual e municipal estejam abertos a enfrentar esses casos de forma altiva, priorizando a proteção das pessoas, inclusive quando essas desejarem morar em nossos centros urbanos. O que não pode é a inércia e a ampliação das condições de vulnerabilidade, especialmente devido a grande maioria não possuir nenhum tipo de documentação de identificação, inibindo acesso a direitos básicos como educação para crianças e jovens.

 

Audácia

A extrema-direita demonstra uma articulação internacionalista que cresce a cada dia. Recentemente um grupo de deputados - bancados com recursos de nossos impostos - deslocou-se ao congresso estadunidense para denunciar na comissão de direitos humanos do parlamento daquele país perseguições políticas impetradas contra opositores ao governo Lula, sendo os atos induzidos pelo STF. O pano de fundo consiste em acusar os ministros da suprema corte de perseguir os golpistas de 2023, com a tentativa de derrocada da democracia liberal, movimento não aceito pelas forças armadas, e a implementação de censura ao proibir que notícias falsas se propaguem em redes sociais.


O deputado Cris Smith do parlamento estadunidense encaminhou uma carta aos presidentes dos poderes da república, excluindo o Lula, e ao ministro relator dos processos Alexandre de Moraes confrontando as liberdades soberanas de nossa nação, esse é o primeiro passo de possíveissançõesque podem ser impostas com o retorno de Trump ao poder central nos EUA. Os questionamentos consistem numa clara interferência do parlamento Yankee sobre a democracia brasileira. É necessário que o establishment não responda aos questionamentos, primando pela defesa da democracia e da soberania de nosso país, cortando o mal da extrema-direita no nascedouro, caso contrário irão legitimar o processo de interferência explícita sobre o judiciário brasileiro.


Bom dia, com alegria.

 

Fábio Almeida

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