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Foto do escritorFabio Almeida

23/04/2024

Uma negação da modernidade. Assim posso qualificar o ato da extrema direita brasileira, ontem, nas areias de Copacabana. A forma jocosa como Bolsonaro e seus seguidores tentam impor sua verdade como uma coleção de ideias da maioria do povo brasileiro demonstra claramente que os objetivos centrais da aliança internacional que se unifica em torno de criar o caos no Brasil, com seu reacionarismo, é retroagir na conquista de direitos humanos ao povo. 


Não há liberdade em torno da proposta de nação deles. O que existe efetivamente por ali é a condenação explícita do divergente, o qual deve se enquadrar em um formato idealizado como “correto”, merecedor dos desígnios divinos de uma sociedade formatada sob a inspiração do ódio, do extermínio de todos e todas que se veem no direito de acreditar em viver fora da caixinha idealizada como propulsora do "bem", o qual é relativo, movimentando-se conforme os desígnios da necessidade. 


O mal, encarnação do contraponto ao divino, foi e sempre será uma das premissas basilares para discursos falseantes na política. A lógica externada é que o simples respirar de um grupo reflete furacões idealizados por todos. A formatação de uma totalidade é uma prática de regimes totalitários, os quais a partir da premissa do medo se impõe como única alternativa viável a sobrevivência. Daí a capilaridade do discurso da extrema direita, pois aos seguidores a defesa do golpe de estado, gestado e não concretizado, foi uma construção divina. 


Não há, como defendem alguns, espontaneísmo nesse processo, existe uma ação política calculada, programada para concretizar objetivos políticos que não incluem o povo, especialmente os mais pobres, os miseráveis, os excluídos do modelo produtivo capitalista. A estes a força do novo Estado, as balas, os cacetetes e a cova são o destino de todos e todas que não podem contribuir com as benesses angariadas por uns poucos. Esse padrão de estruturação social já vivenciamos no feudalismo e no escravismo, fundamentos basilares da formação social ocidental. O mundo existe para os “jutos”, aos demais o extermínio. Assim, produzimos o fascismo e o nazismo, agora cresce um novo extremismo de direita, sob a ótica de um Deus, manipulado aos interesses de uma elite, proclama-se a morte como ferramenta de paz social. 


É sobre esse prisma caótico de uma sociedade maltratada pela exclusão social, proporcionada pelo capitalismo, que a extrema direita cresce, com apoio concreto de parcelas de jovens, idosos e da classe média que suportam nas ruas o desejo opressor de uma elite econômica que se refestela com sua capacidade de manipulação do pensamento de amplas massas, as quais cegas em seu pragmatismo liberalizante caminham como bois para o abate de direitos, conquistados com muita luta pelos seus ancestrais. 


A lógica da extrema-direita é perversa, pois o desenvolvimento tecnológico possibilita uma transformação concreta nas relações de trabalho. A necessidade da venda da força humana para mover as engrenagens produtivas capitalistas diminui a cada dia, sendo substituída pela automação e robotização. Portanto, não há a necessidade de manter os direitos conquistados com a modernidade. Para que salário mínimo, carteira assinada, férias e descanso semanal remunerado, a elite planetária capitaneada pela burguesia não necessita mais desses consensos, pois a produção é viável sem povo. Essa é a guilhotina que pendurasse sobre a cabeça de nosso povo ordeiro e temente a Deus que cega ante as labaredas das mentiras proclamadas por Silas Malafaia e sua trupe machista que administra um projeto de poder teocrata a ser implementado no país. 


Durante o discurso, o ex-presidente, assumiu sua intenção golpista ao afirmar que a minuta existente consistia na prática no uso de instrumentos da constituição. Afirmou que a decretação do estado de sítio não é defender um golpe de Estado, até porque na pequena visão de seus seguidores, o mal havia retornado ao poder central no país. Realmente a carta magna prevê o instituto do estado de sítio, nos seguintes casos: comoção grave de repercussão nacional ou durante estado de defesa e declaração de guerra. Em nenhum momento a constituição fala em manutenção de poder político. Portanto, a verborragia bolsonarista consiste em um engodo, mobilizador de uma massa de acéfalos que cultuam o ódio como prática política. 


Resistir a essa manada fomentadora do reacionarismo é uma tarefa de todos os democratas e revolucionários, homens, mulheres, crianças e adolescentes devem tomar as ruas e bradar não apenas a manutenção de direitos, mas a ampliação de melhores condições de vida ao povo. A defesa da nossa constituição é fundamental como escopo necessário a manutenção dos princípios modernos que eliminaram a maioria das formas institucionalizadas de opressões. Não falo aqui do modo de produção excludente por essência, mas sim, dos avanços civilizatórios que alcançamos em boa parte do mundo. A defesa dos direitos humanos, das minorias e das mulheres são essenciais para nosso avanço como sociedade. No entanto, o silêncio é a clara fratura do enaltecimento do discurso único. 


Aqui, fundamentalmente aponto que o Lula erra. Sei que em sua trajetória política ele nunca quis a polarização como ferramenta extensora da luta política, por isso nunca apoiou a luta armada contra a ditadura militar. No entanto, o risco democrático que enfrentamos na atual quadra histórica exige sua posição de liderança que catalisou vários matizes políticos em torno da defesa da democracia. Estamos sob ataque, o silêncio de Lula apenas permite repercutir as sandices golpistas do entorno de Bolsonaro. Ganhar as ruas para democracia é necessário em processos iguais ao que vivemos, a história das nações já demonstrou isso. Esse não é um momento para dialogar com o oponente ideológico extremado que almeja a destruição do Estado Nação e a consecução de um Estado Autoritário. 


Tomar as ruas em defesa da democracia é fundamental, isso, no entanto, só ocorrerá com uma ampla aliança política que deve reunir de revolucionários a liberais. Ver o cavalo selado passar e não subir com receios eleitorais e políticos pode permitir que autocratas tenham o empoderamento da voz e a submissão das massas. Esse quadro nós já vivenciamos nesse país, por vários momentos da história, os principais prejudicados fomos nós trabalhadores e trabalhadoras. Além do Presidente da República, Lula é um líder político, precisa a exemplo de Gustavo Petro enfrentar a extrema direita, caso contrário a derrota em 2024 será retumbante, não por perder as mais de 800 prefeituras que o progressismo governa. Mas, sim, perder as ruas para grupos fanáticos que oprimem apenas pelo prazer de imputar sofrimento. 


Durante o desastroso governo de Bolsonaro, um lema fortaleceu alianças, a frase ninguém solta a mão de ninguém possibilitou comunhões. No atual momento, ante o silêncio da maior liderança do progressismo do país e dos partidos de centro-esquerda de olho em votos da direita para 2024, a frase a ser utilizada deve ser SEGURE A MÃO DE ALGUÉM para que não se iluda com o canto da serpente que germina uma forma de organização social que reproduz a dor como ferramenta determinante das relações sociais. Precisamos ir às ruas. Precisamos combater a vertente brasileira deste protofascismo que se enebria pelas redes sociais e templos religiosos.


De forma alguma quero vedar o direito a manifestações da oposição ao PT, seja a direita ou a esquerda, até porque é legitimo esse ato. No entanto, precisamos combater o reacionarismo que impõe já no congresso nacional a deslegitamação da luta política do povo, ao tentar de todas as formas criminalizar movimentos sociais, tentando enquadrar suas lideranças como terroristas. Apesar de ser eles que aliados ao Estado burguês imprimem o terror sobre largas parcelas do povo que devido sua cor, sua etnia ou sua orientação sexual tombam pelas nossas ruas sob o silêncio da justiça dos burgos. Nós perdemos muitos parentes para chegar até aqui com as conquistas humanizantes que temos, não as defender é potencializar a opressão e o sofrimento da nação, algo não tão distante em nossa história social, pois vemos todos os dias nas favelas e nos rincões deste país como nosso povo é tratado. Vamos descer o morro. Chame o povo Lula. 

 

Quartieiro 

O anti-indígena do Paulo César Quartieiro, aquele que organizou uma milicia para queimar pontes e casas dos indígenas na disputa pela TI Raposa Serra do Sol retomou o discurso de ódio por meio do panfleto de extrema-direita da radiofonia roraimense que vai ao ar aos domingos pela manhã. Na entrevista concedida assumiu que cometeu crimes ambientais na ilha de Marajo, defendeu golpe de estado, promoveu palavras de ódio aos indígenas e seu modelo de desenvolvimento, sem em nenhum momento ser aparteado pelo entrevistador, ante os absurdos humanos que proliferou por sua rádio. No entanto, em uma das falas deixou claro o processo submisso da extrema-direita brasileira. Ele claramente afirmou que espera que Trump vença as eleições estadunidense e promova uma intervenção no Brasil, Colômbia e na Venezuela. Esses são os patriotas da extrema-direita de Pindorama, almejam que outras nações intervenham em nossa forma de organização social. Neste mesmo caldo foi Bolsonaro que em seu discurso no Rio de Janeiro de forma subalterna pediu uma salva de palmas ao empresário Elon Musk que ataca o STF. Na realidade a extrema-direita não quer um país soberano, almejam voltarmos a ser colônia de potencias mundiais. 

 

Aqui não é o seu lugar 

Dessa forma os ditos países desenvolvidos agem com relação aos imigrantes. Durante décadas a Europa e sua sanha de levar o sistema produtivo e de governo para vários países, na história recente especialmente a África, promoveu uma espoliação humana e de riquezas. Agora, começa a regulamentar a expulsão de imigrantes de seus territórios, especialmente aqueles pretos indesejáveis que vem do continente africano e oriente médio. Nos últimos 12 meses, várias foram as legislações aprovadas na Europa que facilitam a deportação de imigrantes. A mais nova vitória da ideia racista de deportar pretos imigrantes surgiu nas cabeceiras da monarquia do reino unido. Os imigrantes serão mandados para Ruanda. Isso, mesmo! Se você tentar entrar ilegal no Reino Unido, seu destino poderá ser a África, especificamente Kigali. A proeza xenofóbica foi idealizada a partir da compra do governo ruadense por 370 milhões de libras esterlinas, cerca de R$ 2,3 bilhões. Isso é uma vergonha. A União Africana deveria repudiar o ato do governo de Ruanda, além de exigir que todo ouro e diamante roubados e depositados no banco central britânico retornasse à África, abrindo o continente a todos os imigrantes, até mesmo os ingleses que quisessem construir um mundo melhor, sem essa premissa do ódio ao próximo como ferramenta política.  

 

Greve 

Um instrumento legítimo da classe trabalhadora que deve ser fortalecido, especialmente em momentos de grandes embates políticos e que as condições objetivas estejam dadas. Muitas pessoas argumentam que nos 4 anos de Bolsonaro não ocorreu greves. Isso é uma afirmação mentirosa. Ocorreram sim movimentos paredistas importantes, no entanto, o foco central da classe trabalhadora era consolidar caminhos que possibilitassem a manutenção da democracia. 


O atual chamado de greve dos servidores públicos é criticado erroneamente por alguns companheiros. Esse é um momento de disputa do modelo de Estado, especialmente após a mal engendrada política fiscal aprovada no congresso nacional em 2023. Todo o crescimento econômico gerado pelas ações do governo terá apenas a destinação de 70% para políticas de recomposição de investimentos, descontados lógico as despesas financeiras que são prioridades na política fiscal, em detrimento das despesas primárias. Para que recursos para moradia estudantil? 


A greve deve ser encarada como um instrumento de disputa desse modelo de Estado. É um momento salutar para dialogar com a sociedade como uma política fiscalista penaliza a qualidade de vida das pessoas. Temos pessoas passando fome não porque somos um país pobre, mas sim, em virtude de sermos uma nação recheada de privilégios e dinheiro público para financiar bancos e especuladores financeiros. Aqueles mesmos que gritam defenderem um Estado mínimo e querem privatizar a educação superior e a saúde pública, além de acabar com concurso público, são os que mais ganham recursos dessa ciranda financeira, onde apenas o povo não possui o direito de entrar na roda. Por isso, acredito ser a greve fundamental, agora para isso, precisamos ter inteligência em consolidar redes de diálogo. A comunicação é fundamental e precisa ser construída com criatividade. Vamos à luta.  


Bom dia, com alegria. 

 

Fábio Almeida 

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