No último sábado, faleceu Silvio Santos, um comunicador e artista muito bem sucedido, mas também um explorador especialmente da classe trabalhadora. Desde sua aparição na rádio, lançou mão de construir uma rede de financiamento baseada em títulos de capitalização, denominado carnê do Baú. A estratégia foi muito bem sucedida ao garantir a consolidação de uma das maiores estruturas empresariais do país, às custas do suor da classe trabalhadora. O tal do Luciano Huck faz o mesmo caminho com seu Familhão.
Além dessa premissa oportunista sobre uma parcela semianalfabeta do povo, Santos consolidou, além de suas risadas e baixarias aos domingos à tarde, uma vasta rede de aliados políticos, desde a ditadura militar que lhe deu a concessão da antiga TV Tupi, passando por alianças locais com governadores e prefeitos que amparou uma de suas maiores especialidades, sonegar dinheiro público para ampliar sua riqueza.
Uma das maiores jogadas do apresentador, dono de inúmeros negócios, dentre eles, o banco Panamericano, vendido ao grupo BTG Pactual em 2011, cerca de 12 meses depois do governo federal socorrer a instituição bancária, por meio do Fundo Garantidor de Crédito FGC, política de proteção ao sistema financeiro idealizada em 1995. No total, a União destinou para salvamento do banqueiro R$3,8 bilhões. A venda do banco por R$450 milhões não deixou dívida nem para Silvio, muito menos ao novo grupo de acionistas. Pelo contrário, sob o slogan “quem quer dinheiro”, Santos teve cancelada sua dívida com o banco central do Brasil, em troca de transferir aos cofres públicos os R$450 milhões.
O ganho pessoal gerou uma dívida com a receita federal de R$1,2 bilhão devido o valor de R$3,4 bilhão ser caracterizado como lucro da holding de Silvio. Dívidas junto ao INSS e de impostos estaduais e municipais marcaram a vida de sonegação deste brasileiro que adorava ostentar sua riqueza maltratando brasileiros e brasileiras por R$50,00 com piadas preconceituosas e opressão de gênero e raça. Ou seja, a distribuição de dinheiro feita por Silvio, aos domingos à tarde, era em grande parte oriunda da sonegação de imposto que impunha iniquidades na saúde, educação, lazer e cultura para nosso povo. Será que esse homem era efetivamente um “cidadão de bem” como passou a se classificar após tornar-se um dos principais aliados do projeto autocrata de Bolsonaro.
O mais doloroso era ver homens e mulheres tirarem recursos do bem-estar de seus filhos e filhas para pagar aquele carnê do baú, para ao fim de 12 meses retirar uma panela de alumínio ou copos de plástico. Ou seja, o estelionato foi a principal estrutura de suporte financeiro de Santos. A sua transformação em um ídolo nacional, após a morte, esconde as mazelas provocadas por ele contra nosso povo.
É fundamental que o poder público, no debate do espólio, possa ter ressarcido todos os bilhões de reais sonegados por Silvio. É necessário que o dinheiro para financiar políticas públicas retorne ao caixa do governo, deixando de ampliar as desigualdades existentes no país, grande parte delas pautadas em subvenções bilionárias que retiram diretamente comida da boca de grandes parcelas de nosso povo.
Burgueses como Silvio Santos vivem de bradar a diminuição do tamanho do Estado, o fazem com intuito de cada vez mais apropriarem-se dos recursos públicos para atender seus interesses financeiros. Quanto ao povo sempre existirá um morro ou uma calçada que possa receber o corpo flácido marcado pela fome, enquanto bilhões de reais servem para financiar grandes executivos nacionais. Não é a toa que gastaremos de nossos impostos cerca de R$800 bilhões com pagamento de juros, estruturados muitas vezes em subvenções como as dadas ao Silvio Santos, em virtude de suas relações políticas e de seu poder midiático.
As emendas parlamentares
O congresso nacional administra cerca de R$50 bilhões do orçamento, recursos que deveriam vincular-se ao gasto público previsto na LOA. Desto total, R$12 bilhões podem ser destinados as prefeituras, estados e organizações não governamentais sem rastro algum - não é preciso projeto algum, vale tudo. Em busca da transparência na aplicação desses recursos, o STF determinou por 10X1 a suspensão de todas as emendas até o congresso estabelecer regras claras para avaliação e monitoramento da aplicação dos recursos. A medida criou mais uma crise institucional em nosso país, dessa vez confrontando interesses dos parlamentares e a constituição, promovendo desgastes que aprofundam a crise republicana que enfrentamos desde os atos absurdos da operação lava jato. Neste momento, a sociedade brasileira deveria estabelecer como princípio orientador o fim das emendas parlamentares, ferramenta criada durante a ditadura militar que permite a compra de parlamentares, por meio da emenda PIX e das emendas do relator que somam mais R$20 bilhões que Lira e Alcolumbre constroem no parlamento brasileiros feudos que extrapolam as orientações das lideranças e dos partidos, com raras exceções.
Violência
Os dados divulgados pelo caderno da violência no campo, capitaneado pela CPT, e o relatório de violência contra povos indígenas, idealizado pelo CIMI, apresentam dados assustadores em relação ao nosso Estado roraimense. O número de mortes de indígenas chega a uma taxa de 43 X 100.000 habitantes, no país esse indicador é de 28,2. Outros dados demonstram a vulnerabilidade social e a opressão política do Estado que pioram a qualidade de vida dos povos. Os últimos anos também apontam um crescimento das notificações de suicídios, que atingem especialmente jovens entre 15 e 23 anos. Conter os arroubos de violência impostos aos povos indígenas, seja pelo narco-garimpo ou por invasões de suas terras é uma obrigação não apenas de governos, mas de toda a sociedade brasileira. Em breve publicarei uma matéria completa sobre o assunto.
Novo tema ao debate eleitoral em BV
Um dos temas fundamentais consiste em nossa engenharia de trânsito. A gestão do mamulengo do Palácio 9 de Julho mantém incoerências que expõe a vida de motoristas a risco permanente. Por exemplo, várias marcações de estacionamento chegam até o final da guia, em áreas de cruzamentos, situação que impede a visibilidade dos motoristas e potencializam acidentes. Outra questão incompreensível é uma avenida ser a via principal por uma larga extensão, de repente uma placa de PARE muda tudo, é incompreensível essa situação. Havendo necessidade de conter o volume de veículos a utilização de semáforos seria mais eficiente. É necessário que possamos redefinir nossa engenharia de trânsito ampliando as vias coletores, além de possibilitar novas vias rápidas de interligação, além lógico de acabar com mão dupla como ocorre na avenida Olímpico.
Petróleo
Cresce o interesse dos políticos e das pessoas pela possibilidade da exploração do mineral aqui nas terras de Makunai’mî. A bacia do Tacutu, segundo estudos realizados pela faculdade de geologia da UFRR, possui grande viabilidade da existência de uma grande bacia de óleo, gás e hidrogênio natural que podem ser explorado, ampliando o PIB roraimense e brasileiro. Algumas questões ainda necessitam ser avaliadas, uma delas é a maioria dos projetos se encontrarem às margens de terras indígenas, necessitando estudos de impacto ambiental que priorizem redução de danos e mitigações concretas. Bem como, é fundamental que os recursos oriundos da exploração de combustível fóssil possa ser direcionado os recursos nas cotas de 10% para financiamento de atletas de alto rendimento, 20% para proteção ambiental, 5% para pesquisa científica, 5% para fortalecimento das políticas de proteção de nossos idosos, 20% para saúde pública e 40% para nossa educação. Esse consenso é necessário para garantir que uma possível exploração de petróleo permita nosso crescimento como sociedade, caso contrário transformaremos a situação vivenciada em mais uma ação para concentrar renda.
Bom dia, com alegria
Fábio Almeida
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