Viva Boa Vista, completamos 134 anos de história (aqui desconsiderados o período de organização humana sobre essa região com os Paravianas), sendo fundamental agradecer a cada uma das pessoas que ajudaram a construir essa cidade. Somos nós, boavistenses, que erguemos com muita dedicação as melhorias que almejamos para nosso bem viver. Todos esses anos culminaram em uma boa cidade, mas com um grande fosso social, erguida sobre os princípios da desigualdade humana e de dificuldade no acesso a serviços públicos. Isso não por culpa direta do povo, mas, dos administradores escolhidos.
Alguns dias antes da bela festa que tivemos, uma indígena Yanomami tinha negado um atendimento a seu filho no hospital da criança. Provavelmente mais uma mãe tenha perdido seu bebê na maternidade de Lona. Um jovem andando pelo Santa Tereza deve ter apanhado mais uma vez das forças de segurança pública. Uma menina deve ter sido vítima de estupro. Uma coisa tenho certeza, a merenda não faltou, muito menos o transporte escolar, pois estávamos em férias escolares.
As chuvas recentes trouxeram a repetição do drama das cheias repentinas que encharcam o solo e acabam com o pouco de bens da classe trabalhadora. Quanto mais longe do centro da cidade, maior a chance de ver seus móveis boiando. Essa é a realidade de milhares dos moradores desta linda cidade. Boa de se ver, mas, difícil de se viver para nossos cidadão e cidadãs. Os milhões em investimentos públicos na destruição de canais naturais para criação de galerias em concreto, até que contiveram alagamentos em algumas ruas. No entanto, as obras de macro e micro drenagem urbana, aplicadas desde o início do século passado, reproduzidas hoje por aqui, conseguem movimentar o alagamento de determinado trecho, para outro trecho da proximidade. Um descaso técnico da gestão pública.
A água potável ainda não é uma realidade de todos os moradores de nossa cidade, até porque, sob a premissa de ser uma responsabilidade da CAER, as gestões municipais sempre afastam de si sua competência constitucional. Os resíduos sólidos são um grave problema, ante os diversos pontos de contaminação que temos pela cidade, devido a precariedade da coleta. Em diversos pontos de urbanização temos vastas áreas de contaminação ambiental espalhadas pela cidade. Os Ecopontos que deveriam ter surgido como um alento, as vastas malas milionárias do contrato com a Sanepav, desapareceram sob a força da Cruviana que esconde os ditos de demagogos.
Nosso trânsito sempre foi um problema, mas a Prefeitura colocou mensagens por vários locais, num passado não tão distante, afirmando que em Boa Vista respeitamos a faixa de pedestre. Veja que não respeitamos o pedestre! Isso é singular se quisermos analisar o risco que temos de morrer nas ruas de cidade, especialmente após as 23h. Horário de grande fluxo de veículos, já que nosso transporte público é ineficiente, mesmo assim, um vereadorzinho populista resolveu aprovar um projeto permitindo aos motoristas avançarem o sinal vermelho a partir desse horário.
Estamos perdendo nossos mananciais superficiais da cidade, em nome do “desenvolvimento”. Nossas lagoas sumiram, ficaram as enchentes. Nossos igarapés transformaram-se em regos de esgotamento sanitário. Agora a sanha destruidora corre em direção ao Cauamé, Carrapato e o IAGrande (esse já castigado pelos rejeitos da lagoa de estabilização do esgoto sanitário). O igarapé do Caranã apesar de arquejar, mostrando ainda que existe, possui quase todo seu abastecedouro natural, ou suas nascentes, ocupados por imóveis, usados como fonte de renda aos abastados moradores de áreas mais ricas da cidade.
Assim, reproduzimos os mesmos níveis de desigualdades que temos em outros grandes centros urbanos brasileiros. Vamos transfigurando nossa cidade em um ambiente de violência humana, social e moral, afastando a qualidade de vida como premissa central da administração pública municipal. A ausência de integração de políticas públicas entre as instância de gestão municipal e estadual devia ser um dos principais pontos a serem cobrados pela nossa sociedade. No entanto, envolvidos em crises artificiais, forjadas pelas mídias sociais, promovemos a relativização de assuntos inerentes a nossa qualidade de vida.
Por exemplo, como realizamos, após longa espera, uma consulta na parca estrutura da atenção primária à saúde existente em Boa Vista - lembro aqui que quando Teresa Surita assumiu o governo em 2013, encontrou 53 equipes de saúde da família, 11 anos depois temos apenas 62 equipes funcionando, isso demonstra o nível de iniquidade existente na cidade - porém, se solicitado um exame especializado - o qual deveria ser ofertado pelo município, mas a CIB, instância estadual impede essa descentralização - disponibilizado pelo Estado, não conseguimos sair com uma consulta agendada. Mesmo que essa leve a média de 180 dias para sua concretização deveríamoster o direito de saber quando iríamos ser atendidos, isso seria possível com políticas ações integradas. Aqui trago um simples caso de desumanização de uma política pública, cuja responsabilidade concreta é de quem administra o SUS, aqui nas terras de Makunai’mî.
Poderia, na data comemorativa, me deter as belezas, mas, em ano eleitoral, trago alguma das mazelas existentes em virtude de suas iniquidades ampliarem o processo de desigualdade de riqueza e de renda entre nosso povo. A apresentação desses temas são necessários ao debate político em período eleitoral. Não podemos permitir que a exploração de petróleo na bacia do Tacutu seja o tema central das eleições, por exemplo.
Candidaturas ao 9 de Julho
Efetivamente há 3 dias do início das convenções partidárias que definiram as candidaturas para gestão municipal de Boa Vista apenas a candidatura do MDB, com a reeleição do atual Prefeito encontra-se consolidada. O campo progressista aponta duas outras pré-candidaturas, uma do PV, a outra do PSOL, no entanto recentemente os presidentes de partido das duas federações que esses partidos integram publicaram uma foto em que afirmam estarem juntos. Ou seja, as pré-candidaturas podem ainda ser unificadas em uma só. Na base do governo temos uma grande indefinição, mas a chapa deve indicar a vaga ao União Brasil, com o Republicano sendo vice. A dúvida é se Denarium continua governador ou é cassado? A resposta a essa questão é fundamental a garantia do apoio políticoe econômico a candidatura do governo estadual. Ou seja, o atual prefeito ainda não enxerga com quem disputará a eleição.
Candidatura da Federação REDE/PSOL
O leigo da igreja católica Lincoln e o ex-assessor parlamentar Yano formam a possível chapa ao executivo municipal. A apresentação foi realizada no último sábado em um evento realizado na sede do Sindsep. Em entrevista ao jornal Folha de Boa Vista, os políticos que se qualificam como progressistas, afirmam querer uma cidade inclusiva, democrática e ambientalmente protegida. Durante as falas apresentaram um assunto delicado que é o respeito da dupla ao conservadorismo que visa manter a tradição. A grande dúvida que fica é: quais as pautas conservadoras vigentes em Roraima que os progressistas se alinham?
Reforma Tributária
A colocação da carne com isenção total de impostos não é uma proteção aos pobres, pois estes não possuem grana para comprar carne. Mas sim, consiste em um lobby do setor que atende a classe média e alta. Para isso, ampliamos em 0,057% a alíquota a ser praticada em um dos impostos de valores agregados (IVA) criados recentemente, isso sim atinge os mais pobres. O correto consistiria em garantir desconto na aquisição de carne a todo brasileiro inscrito no CAD único, por meio de ressarcimento do Estado dos valores gastos por esses cidadãos e cidadãs na aquisição de carnes. Aos demais teríamos o desconto de 60% conforme proposto originalmente.
A aprovação da proposta pela Câmara dos Deputados Federais trouxe muita mudança que reflete a mediocridade da maioria dos parlamentares. A retirada da comercialização de armas e munições da incidência do imposto seletivo - uma cobrança a maior criada na reforma tributária que incidirá sobre produtos nocivos à saúde e ao ambiente - consiste em um equívoco político enorme. Mas, em tempos de construção de alianças para eleição da casa legislativa, tudo passa a ser admissível, desde que a maioria de votos de determinada bancada possa apoiar o projeto ‘A’ ou ‘B’. Essa mudança também impactará o valor da tarifa nacional, transferindo maiores custos aos mais pobres. Por isso, afirmo que essa reforma apesar de melhorar o sistema de gestão contábil dos impostos mantém o caráter regressivo do sistema de cobrança tributária no país.
Percepção Popular
Em recente pesquisa disponibilizada pela Febraban 46% dos brasileiros entrevistados afirmam que o ano de 2024 é melhor que o ano de 2023. A percepeção é fruto do aumento da geração de empregos com carteira assinada, possibilitando que a massa trabalhadora dinanimize todos os processos econômicos do setor de serviços, principal fonte de trabalho de grande parte dos brasileiros. As medidas que poderiam ser mais robustas, mas são limitadas por parte da política fiscal e monetária que impedem um maior dispêndio de recursos na economia, de forma a ampliar a circulação de moeda, consequentemente a melhoria da renda dos trabalhadores e a arrecadaçãode impostos. Para 31% dos entrevistados a vida continua igual ao ano de 2023. Ou seja, o indicador é muito positivo e demonstra que para grande maioria dos brasileiros e brasileiras a vida tem melhorado nos últimos 2 anos. Esses indicadores permitem uma projeção positiva para frente de apoio ao governo federal, possibilitando uma capilaridade eleitoral de seus apoiadores, além de pavimentar a continuidade da frente ampla em 2026. A questão central no entanto é se fatores externos, ante os conflitos bélicos em desenvolvimento, possam atrapalhar o pleno caminhar de nossa nação.
Atentados no Mato Grosso do Sul
Nas últimas 48 horas indígenas são atacados por homens armados nas regiões de Douradina e Caarapó. Vários indígenas que promoveram um processo de retomada da TI Penambi-Lagoa Rica, com 12,1 mil hectares delimitados desde 2011, porém guardados nas profundas gavetas do poder público federal que não pública a portaria declaratória, para posteriormente homologar definitivamente o território indígena. Nessa luta os Gaurani e os Kaoiwá ficam expostos a mílicias armadas que atiram a ermo colocando a vida de mulheres, crianças e idosos em risco permanente. A responsabilidade direta pelos feridos é do governo federal que se oimite em cumprir suas funções constitucionais de demarcar as terras indígenas, ampliando desta forma os conflitos e a possibilidade de que o sangue indígena continue a tingir de vermelho o solo da mãe terra.
Denarium o Cassado
Em entrevista concedida ao planfleto radiofônico da direita roraimense, neste último domingo, o governador do estado tentou demonstrar a população de que não existem problemas na saúde pública. Chegando a afirmar que as reclamações realizadas são acusações infundadas de quem quer o mal do governo e do povo. A falta de medicamentos, profissionais, insumos em geral e até alimentação são delírios coletivos vivenciados pelos usuários do SUS, administrado por Denarium e a trupe de espertalhões que gerem a Sesau. A suspensão dos serviços de hemodiálise, por uma clínica contratada, é para o governador uma orquestração de pessoas que querem o mal dos roraimenses, não da péssima capacaidade de gestão que possui sua pupila investigada pela polícia federal e MPF. Para variar Denarium deixou claro que possui em seu bolso 22 deputados estaduais, demonstrando que o atual Presidente da Ca$a Legi$lativa encontra-se isolado e deverá ter o mandato para o próximo biênio cassado pelos parlamentares asseclas dos interesses do governador. Assim caminha Roraima, com um governador demagogo, administrando uma gestão envolvida em diversos crimes que vão de assassinato a corrupção e com a justiça eleitoral afirmando ser o governador corrupto.
Bom dia, com alegria.
Fábio Almeida
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