No último sábado vivemos momentos difíceis em nosso querido Roraima. O apagão que sofremos em Boa Vista, fato que atinge os municípios do interior diariamente em virtude da ausência de compromisso da prestadora de serviço Roraima Energia, bem como das empresas geradoras, controladas pelo operador nacional do sistema elétrico (ONS). A crise de sábado demonstrou que o sistema elétrico brasileiro enfrenta uma crise de confiança em sua capacidade operacional, principalmente em sistemas isolados, como é o caso de Roraima.
Primeiro é importante salientar a omissão das empresas geradoras de energia, bem como, da ONS em não ter comunicado à sociedade roraimense os motivos de termos enfrentado o mínimo de 5h e o máximo de 9h sem energia nas diversas localidades abastecidas pela rede de transmissão das unidades geradoras de Boa Vista. É fundamental que sejamos informados do motivo que levou famílias que necessitam de energia para manter seus entes vivos terem tido um final de tarde e início de noite desesperador, bem como aqueles que dependem da energia para manter seus produtos em condições propícias de comercialização, a exemplo dos agricultores familiares que beneficiam produtos.
Não podemos ante esse grave problema, aceitar o silêncio corriqueiro das empresas prestadoras de serviço. Nós pagamos o ‘kw’ mais caros do país, merecemos, portanto, explicações plausíveis dos fatos, bem como que a ANEEL proceda uma investigação séria para avaliar as verdadeiras causas do apagão. O Amapá passou em 2020 por 4 dias de completa escuridão, as causas comprovadas foram ausência de manutenção do sistema térmico de geração. Vivemos esse problema em Roraima?
Essa resposta precisa ser dada pelos poderes constituídos de nossa nação, independente da responsabilidade pela gestão do sistema privatizado, a qual recaí, sobre o governo federal, por meio de sua agência de regulação – apinhadas de representantes do setor privado. É fundamental que os Entes federados juntem suas forças para produzir respostas e soluções que impeçam a repetição de qualquer tipo de apagão, seja prolongado como o ocorrido no sábado, seja os constantes desligamentos que empacam a vida de todos nós.
No entanto é fundamental que a sociedade roraimense retome um debate em torno do sistema elétrico que ultrapasse a retórica de muitos de nossos políticos. Em 2019, o Brasil rompeu as relações diplomáticas com a República Cooperativista da Venezuela, cortando desta forma o fornecimento de energia de Guri completamente, ficando o Estado refém de 2 processos; os interesses empresariais e políticos em torno da geração por queima de diesel em diversos pontos de nosso Estado; segundo a ampliação da arrecadação de ICMS que recheiam os cofres do governo. Porém, essa realidade precisa ser alterada de forma rápida, sendo exclusiva a responsabilidade do governo federal para conduzir esse processo.
O sistema de Guri precisa retornar ao nosso sistema de geração de energia, possibilitando além do barateamento das contas de luz à classe trabalhadora, a utilização de um sistema de geração menos poluente e agressivo, especialmente aos nossos produtores da região do Monte Cristo expostos a grande carga de particulados. Guri surge como essencial, antes que possamos sofrer um quadro mais crítico que nos imponha períodos mais longos sem energia. Com a entrada de Guri, teríamos a Eneva com a termoelétrica a gás complementando a geração e a Oliveira Energia como reserva estratégica de potência.
Parte de nossa solução consiste na nossa integração ao Sistema Integrado Nacional de transmissão de energia, por meio da conclusão do linhão de Tucuruí. Porém, essa interligação não pode ser a única fonte energética, precisaremos manter Guri, bem como as outras fontes de geração. Até porquê a obra do nosso linhão que interligará Roraima, ao sistema do Amazonas, deverá levar uns 5 anos para ser concluída, portanto é fundamental que riscos futuros com este linhão permita uma fonte de geração segura, preconizando quanto mais ambientalmente adequada melhor.
Neste contexto, temos também que começar a investir em geração solar e eólica em nosso Estado. O incentivo a pesquisas, bem como a instalação de plantas geradoras de energia, particulares e empresariais, é essencial para que possamos garantir uma geração local segura e ambientalmente adequada, além de nos possibilitar vender energia tanto para América Central, quanto para o restante do país. Promoveremos, assim, além de uma melhora na garantia de nosso parque gerador, investimentos importantes em pesquisas, além da geração de empregos tão essenciais ao nosso povo. Porém, para isso é necessário que a formação deixe de ser uma tentativa isolada de professores.
É fundamental que o Estado de Roraima promova transformações em seu instituto profissionalizante e comece a qualificar a classe trabalhadora para esse futuro que se aproxima. Isso, é fundamental para que nossos adultos jovens não sirvam apenas para construir as estruturas que se instalam em nossos municípios, mas possam operacionalizar as plantas fabris de geração de energia. Vivemos com a Eneva isso, o nosso povo serviu para fazer o cimento, na hora de operacionalizar a fábrica, os profissionais vieram de fora do Estado, a responsabilidade disto é de Denarium que só ver como ferramenta econômica a produção de seus grãos geneticamente modificados.
Algumas outras questões devem ser observadas como problemas secundários oriundos do apagão de sábado. As ruas de Boa Vista estavam muito movimentadas, por volta das 18:30h, momento em que o apagão ainda atingia toda a capital. Apenas alguns sinais da parte central possuíam bateria para suportar o apagão. As avenidas localizadas na zona oeste estavam com semáforos sem funcionar, precisamos urgente que o mamulengo do palácio 9 de Julho providencie uma mudança nesta situação.
Os riscos eram imensos a quem teve que se deslocar no escuro, pois as sinaleiras da avenida Venezuela rumo conjunto cidadão pararam. Esse é um dos fatores negativos que surgem secundariamente, sei que a lógica é termos uma estrutura que garanta seguridade no sistema elétrico, porém problemas surgem, seja por imperícia dos fornecedores ou provocados por catástrofe natural, mas precisamos ter respostas adequadas do poder público.
Outra questão a ser observada consiste no desaparecimento das ruas de Boa Vista das viaturas policiais que circulam ultimamente por nossa cidade. É necessário que as forças de policiamento ostensivo e a guarda municipal criem estratégias de presença nas ruas quando ocorrerem fatos como o do último sábado. Não é possível que em plena escuridão as viaturas sumam, quando a população mais precisa de demonstração da presença do Estado, quando vivemos momentos de caos, como os enfrentados no neste final de semana.
Outro ponto negativo, consiste nos produtos utilizados para pintura de nossas faixas de pedestres, as quais se encontram em grande número quase invisíveis, colocando em risco a vida de pedestres, a exemplo do que ocorre na avenida Ataíde Teive. É fundamental que as avenidas centrais possam ter estruturas que permitam a visualização por parte do motorista da existência das faixas de pedestres e da existência de quebra-molas pela cidade com ou sem energia. É necessário que o sistema viário da prefeitura pense em soluções que permita uma segurança melhor ao pedestre em situações como as vivenciadas no último dia 15/04/2023.
Por último, é lamentável que políticos roraimenses destilem nas suas redes sociais ódio contra os povos indígenas, promovendo a acusação de que a responsabilidade pelo apagão do último sábado é principalmente dos Waimiri-Atroari. Incompreensível essa tática de fomentar uma política de ódio contra os indígenas. A elite roraimense, especialmente a elite política, é forjada em transferir sua incompetência – ou melhor, sua competência para transformar o Estado em uma estrutura privada a atender seus interesses – para responsabilidade de determinados agrupamentos, entre estes os indígenas são os preferenciais.
Importante salientar que os Waimiri-Atroari, no ano de 2014, fecharam um acordo que incluía a elaboração de um estudo de impacto ambiental e as ações para mitigação destes junto à comunidade indígena, além de uma indenização pelos transtornos permanentes que o linhão imporá a vida dos indígenas, nada diferente ao realizado para outras pessoas ao longo da linha de transmissão.
Porém, o MDB, ao chegar ao Governo Federal, em 2016, suspendeu o acordo, os principais ganhos deste atraso na obra não se encontraram junto as comunidades indígenas, mas sim, para empresa Oliveira Energia, cuja ATEM é uma das sócias – a atual proprietária da REMAN que pertencia a Petrobras -, o Estado de Roraima que arrecadou muito e políticos. Portanto, a retórica apenas externa o preconceito contra os indígenas, a fim de realçar a política de ódio e o extremismo como uma ferramenta de aniquilação de pessoas.
Neste contexto geral é fundamental que a sociedade roraimense possa somar esforços para pressionar os gestores a estabelecer uma política energética sustentável, pautada na ampliação de sistemas de geração de eletricidade cada vez mais ambientalmente menos poluentes, a estatização das plantas de geração e transmissão de energia e a criação de incentivos para que as casas dos trabalhadores se transformem em unidades geradoras de eletricidade. Nossa unidade poderá determinar o caminho e o baixo custo das nossas despesas com a luz, a iluminar nosso caminho que ficou no breu no sábado, em virtude da ausência de um sistema eficaz e eficiente, o lucro não pode superar nosso bem-estar.
AMÉRICA LATINA
A transição energética assume um papel estratégico às nações do mundo, tendo em vista que o uso dos combustíveis fósseis contribui diretamente ao processo das mudanças climáticas que ampliam a pobreza, a fome e transformam as cadeias produtivas, estabelecidas dentro da divisão internacional do trabalho. Ocorre que é justamente na América Latina que se encontram as principais reservas de muitos minerais, dentre eles o Lítio, presente em grande quantidade no Chile, Argentina e Bolívia. Neste contexto, China e EUA disputam protagonismo na região a fim de controlar a produção destes insumos. Nos últimos 12 anos os países latino-americanos ampliaram as relações com a China, preocupando as forças armadas e o governo estadunidense, em virtude da perda da hegemonia na região no tocante a investimentos estratégicos. As falas recentes de Lula, na China, ampliam as preocupações lá pelos lados do trópico de câncer, pois a entrada do Brasil neste bloco promoverá condições de retomada da industrialização, retomada de empregos e ampliação de transferência tecnológica. Restará ao governo estadunidense a retórica do desespero e a possibilidade de deflagrar um conflito mundial para tentar recompor sua hegemonia ou reeditar a política de golpes de Estado potencializada entre as décadas de 1960 e 1980 na região.
PAZ
O Itamaraty compreende que a guerra da Ucrânia impacta diretamente a vida dos brasileiros e brasileiras, por tanto, o governo brasileiro assume publicamente uma posição contra a guerra e em defesa da paz. A posição difundida de forma tímida pela imprensa brasileira ganha destaques nas mídias tradicionais europeias e estadunidenses. Para Lula é fundamental que a ONU conduza um chamado para que países não envolvidos diretamente com a guerra promovam um ambiente de negociação em torno de um acordo de paz na região, diminuindo inclusive as tensões bélicas por um novo conflito mundial, fato que levaria a morte de milhões de pessoas, se não pela guerra, pela fome. Por isso, acerta o Governo Lula em reagir contra a guerra e promover uma cultura de paz, mesmo que o interesse da maioria dos países da união europeia e dos EUA seja ampliar a escalada de mortes na década. Portanto, o encontro de Lula com o chanceler russo é um passo importante, antes da visita que ele fará a Ucrânia e a Rússia.
BOMBA
A PM do Distrito Federal registrou 5 ameaças de bombas desde o mês de dezembro de 2022. Essa é uma nova realidade brasileira, protagonizada pela extrema direita que teve preso no último mês do ano o empresário George Souza, organizador e executor de um atentado terrorista, sem êxito, que pretendia explodir um artefato colocado em um caminhão tanque de combustível dentro do aeroporto de Brasília. A polícia conseguiu frustar o crime, desde então receberam outras 4 denúncias, as quais não foram confirmadas. É importante que cada vez mais nossas forças de segurança se especializem no combate a células terroristas, a fim de que possamos desarticular grupos que querem impor uma cultura de medo e derramamento de sangue de nosso povo. É fundamental que os políticos repudiem esses atos violentos e afirmem que o Estado se encontra ao lado dos brasileiros para impedir que lhes aconteça algum mal. Aos promovedores da cultura de ódio e morte a cadeia é um bom lugar para defensores da violência, especialmente quando essa é voltada contra crianças e adolescentes.
AUDIÊNCIA PÚBLICA
A comissão externa criada pelo senado federal para acompanhar a crise yanomami e a retirada de garimpeiros realizou uma audiência, na última sexta-feira, aqui nas terras de macunai’mî, o evento realizado na polícia federal, contou com forte aparato de segurança da tropa de choque. Não sei se alguns tiveram medo de ser preso na federal e daí chamaram a PM? Durante o encontro as autoridades que conduzem o processo de retirada dos garimpeiros falaram da necessidade de estruturação das 3 bases de proteção, conforme o procurador da república Alisson Marugal é necessário implantar mais 2 bases de proteção na região. Já Junior Hekurari afirmou que os povos da TI Yanomami querem sua liberdade e garantia do direito de viver e proteger a floresta, enquanto isso o Senador Chico Rodrigues afirmava que o objetivo da comissão é tratar da retirada dos garimpeiros.
Desta forma, tomou um pito do delegado federal que participou do evento ao questioná-lo sobre a retirada dos garimpeiros. O policial respondeu que estava lá na TIY para combater um grave crime ambiental e de genocídio, a preocupação de como deveria sair os garimpeiros era uma função dos políticos, não da polícia federal. Outro a tomar um pito foi o senador Marcos Ponte, ao oferecer estruturas de tratamento de água. Mateus Sanomá, respondeu que a região dele tem água limpa que sai da terra, eles precisam é que os políticos mantenham os garimpeiros fora da TIY, assim terão água de qualidade.
Durante a audiência foi relatado pelo delegado da polícia federal a exploração sexual infantil dentro dos garimpos da TIY, menores já foram encontradas no processo de desmonte de redutos garimpeiros dentro da TIY, porém relatos de exploração infantil ainda não tinham vindo a público.
DECADÊNCIA
O ex-ministro da defesa e ex-deputado federal pelo PCdoB, desde que deixou o partido comunista flerta com a direita brasileira, porém chega ao cúmulo do desespero político ao passar a ser garoto propaganda do movimento criminoso em defesa do garimpo dentro da TIY. Ele participará no próximo dia 19/04, de um evento que será realizado na próxima quarta-feira pela assembleia legislativa, porém o ex-presidente da câmara dos deputados deverá aproveitar a estadia para promover o movimento garimpo é legal que anda convocando uma reunião com Rabelo na tarde do dia 19/04, além de conceder entrevista a um dos defensores do garimpo dentro da TIY.
RACHA
O jornalista Edersen Lima, fiel defensor de Romero Jucá, empreendeu neste final de semana ataques contra o mamulengo do palácio 9 de Julho. Será que o boneco da família Jucá/Surita começa a cortar as cordas que o mantém preso a uma política de favores e privilégios consolidadas na gestão de Teresa Surita? A postagem afirma que o atual Prefeito promoveu a não aprovação na comissão de constituição e justiça, da câmara de vereadores, do PCCR dos servidores públicos, no intuito de garantir mais recursos para aquisições superfaturadas. Parece que o racha começa a ficar explícito, não adiantará uma outra postagem da ex-prefeita para afirmar a manutenção do apoio ao prefeito.
CORREDORES AQUÁTICOS
A chuva, de ontem, promoveu mais uma situação crítica no local onde funciona a incrível e$trutura da maternidade de Roraima, a única que existe para acompanhamento de gravidez de risco e realização de partos cesáreos. Os corredores foram tomados por água da chuva, ampliando os riscos de contaminação de crianças e gestantes que ficam expostas a proliferação de bactérias que podem levar a morte de pessoas. O Estado de Roraima, 2 anos atrás, iniciou uma obra no prédio da maternidade, a previsão que duraria 8 meses, já se estende por 21 meses, segundo o governo deverá demorar mais 12 meses. Até agora o Estado efetuou pagamentos da ordem de R$ 20,7 milhões a empresa fornecedora das tendas provisórias que parecem definitivas. Ocorre que a obra no prédio da maternidade possui um orçamento inicial de R$ 17 milhões, ou seja, gastamos mais recursos com o aluguel de tendas do que com a reforma em 2 anos. Segundo denúncias de Deputados Estaduais, o atual vice-governador e secretário de infraestrutura afirmou que os recursos voltaram aos cofres da União por incompetência administrativa, portanto o governo não terá condições de concluir a obra. Como se diz popularmente deve ter caroço neste angu.
Boa Tarde. Um forte abraço.
Fábio Almeida
Jornalista e Historiador.
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