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Foto do escritorFabio Almeida

16/03/2022

A crise estrutural do capitalismo, iniciada em 2008, fundamentada principalmente na ausência de lastro ante especulação financeira imposta por instituições bancárias e protegida pelas nações mais ricas do ocidente, possibilitou uma crescente onda conservadora que possui em seu viés internacional dois paradigmas cativantes de mentes: o nacionalismo e o enaltecimento de valores cristãos.

Por que a crise impulsionou essas organizações? Em virtude de o modelo econômico cada vez gerar mais pobres, principalmente entre os jovens que não possuem perspectivas concretas de sobreviverem com dignidade no âmbito do sistema capitalista, alcançando um nível de financeirização que extorque os recursos de nações dependentes, ante a divisão internacional do trabalho, a exemplo do Brasil que destina 49% de seu orçamento anual, em 2022, para pagamento de bancos e especuladores financeiros.

Essa etapa do desenvolvimento capitalista impõe cada vez mais a concentração de renda nas mãos de poucas pessoas, formatando uma exclusão econômica que se espraia pelo conjunto das nações capitalistas, produzindo impactos maiores nos países de capitalismo dependente, mas também se reproduzem nos países centrais. Este é um dos fatores que fortalecem o papel político do viés político de extrema direita.

Noutra ponta temos o processo de robotização e automação que cada vez mais retiram postos de trabalho da economia real, relegando como única saída para sobrevivência da classe trabalhadora a informalidade do setor de serviços, essa realidade gera pobreza e amplia a concentração de renda. Os dados demonstram que os 10% mais ricos controlam 76% da riqueza mundial, os 40% que integram o setor médio controlam 22% e os 50% mais pobres controlam apenas 2% da riqueza.

Essa realidade fortaleceu uma extrema-direita que assumiu o discurso nacionalista como uma das ferramentas de projeção política. Assim, a xenofobia, o protecionismo econômico, as desregulamentações dos sistemas tributários surgem como ferramentas de atração principalmente dos mais pobres e dos setores médios. Os quais apesar de integrarem a mesma classe social, a dos trabalhadores, opõem-se historicamente uns aos outros, em um conflito que fortalece cada vez mais a burguesia.

A Europa e a América com suas democracias burguesas capturadas pelos interesses da banca, sofrem diretamente com esse crescimento político, desta forma, passamos a ver jaulas e cercas energizadas para conter a imigração, lógico que de pretos e asiáticos, especificamente na América de descendentes indígenas. A principal ferramenta aglutinadora é de que os imigrantes roubam os postos de trabalho, uma retórica que possui muita força catalisadora, pois se reproduz no anseio de sobrevivência do ser humano, instado a isso por meio da venda de sua força de trabalho. No entanto a realidade objetiva do desenvolvimento capitalista já promove a diminuição dos postos de trabalho.

O protecionismo econômico surge como uma ferramenta aglutinadora de setores médios, ao possibilitar um discurso de fortalecimento da produção nacional, em detrimento da desastrosa globalização econômica, sob os princípios em que foi estruturada, longe de uma planificação e diversificação produtiva.

Em muitos casos, como ocorre no Brasil da atualidade, o discurso não coaduna com a prática política destes setores da extrema direita, pois, apesar do atual Governo assumir um discurso nacionalista sua política econômica se estrutura por meio da completa desregulamentação do setor produtivo nacional, levando a fechamento de empresas, saídas de multinacionais e um programa de privatizações que retira poder de impulsionamento interno na geração de empregos.

A burguesia é atraída por meio do discurso da desregulamentação tributária, a qual deve possuir olhares distintos, entre os países que implementaram as premissas da revolução burguesa de desoneração do consumo e taxação da renda e da riqueza. E os países, a exemplo do Brasil, que não realizaram essa etapa de estruturação do Estado burguês e mantiveram o consumo como fonte de arrecadação de tributos. Em um caso, ou no outro, a burguesia é quem adere a esse discurso, pois acredita que o seu lucro é alienado pelo Estado de forma autoritária.

Portanto, a redução de impostos catalisa segmentos defensores do Estado mínimo, possibilidades que podem incluir a ampliação do lucro destes segmentos, com a privatização de serviços, ora prestados pelo poder público, especialmente em países que possuem constituições com viés socialdemocrata. O fim da educação e saúde públicas consistem em possibilidades de ganhos duplos, pela burguesia, reduziria o pagamento de impostos, a tempo que ampliaria ganho com investimentos na privatização destes setores.

Uma bandeira mais inquisidora se consubstância pela acalorada adoção do enaltecimento dos princípios cristãos. O ocidente, seja por meio do catolicismo ou das múltiplas reformas originadas dele, possui um vínculo estruturante com a religião, fundamento social que perpassa séculos no estabelecimento de relações estruturadas. As quais se coadunam com o conservadorismo que não admite nada que seja diferente aos princípios estabelecidos sobre os dogmas cristãos.

Desta forma, temas contrários as liberdades LBTQIA+, aborto, a pluralidade familiar, liberdades femininas e práticas religiosas ganham forças catalisadoras de apoiadores desta extrema-direita que fundamentam seu discurso em torno da não aceitação, da refutação do diferente, da defesa da adoção pelo Estado de seus princípios dogmáticos de estruturação social. Consolidando um viés doutrinário da defesa do Governo/Deus, do enviado para salvar cada fiel da tentação e do pecado.

Nas eleições de 2018 vimos isso fortemente no país, fatos que começam novamente a surgir, por meio de medidas que preconizam o acirramento deste debate teocrático, como debate político, mesmo estando cada um de nós, vivendo sob os marcos do Estado Laico. A censura imposta, pelo Ministério da Justiça, ao filme “Como se tornar o pior aluno da escola” determinada ontem, promove o acirramento deste debate, com olho já nas eleições de 2022.

Porém, esse movimento não é isolado, possui uma integração internacional que permite uma solidariedade entre os movimentos, estejam estes em Governos ou não. Na América, após a vitória de Trump, a extrema direita ganhou organicidade, levando inclusive a ascensão de um medíocre ao Governo brasileiro. Recentemente, vitórias de coalizações de centro-esquerda alcançadas na Argentina, Bolívia e Chile e o quadro eleitoral existente na Colômbia e no Brasil que podem levar respectivamente Petro e Lula ao Governo, impulsionou uma resposta aglutinativa da extrema-direita.

Sob o comando do direitista Vox, partido espanhol, foi organizado o Foro de Madri, em 2020, com lideranças políticas do Brasil, Venezuela, Cuba, Espanha, Chile, Bolívia e Estados Unidos. O grupelho de extrema-direita, defensor dos arroubos conservadores e destruidores da Amazônia, além de opressores de minorias, realizou em meados de fevereiro um encontro em Bogotá, na agenda a preocupação com o crescimento de governos sociaisdemocratas na região e a orquestração de golpes internos, como ocorre na atualidade no Peru.

Combater os princípios opressores da extrema-direita mundial é fundamental para garantia do direito à vida de milhões de pessoas, bem como para que possamos derrotar a cultura do ódio e da violência como premissa da prática política, ainda mais diante da aliança destes representantes com o capital explorador de nossa mão de obra impondo cada vez mais sofrimento a cada um de nós e aos nossos filhos. Conter a orquestração destes representantes do apocalipse é fundamental a luta classe trabalhadora

Fundamentar um Estado pautado na solidariedade humana, na socialização dos meios de produção, na adoção de tecnologia de ponta para gerar riqueza ao povo fundamentam um caminho de estruturação social que temos que experimentar. Respeitando a lógica privada de vida de cada um, porém, tendo como princípio balizador que convivemos em sociedade, desta forma a defesa da laicidade é fundamental para que possamos superar a lógica da opressão por minorias. Temos possibilidades concretas de trilharmos caminhos que primem pelo desenvolvimento humano, superando desta forma, a lógica do desenvolvimento econômico que pensa apenas no ganho financeiro, não no ser humano.

 

A ALTA DO GÁS DE COZINHA E A ELEIÇÃO

Bolsonaro apesar da retórica de que almeja repassar o bastão da Presidência, trabalha fortemente para continuar a exercer o cargo máximo da política institucional brasileira. Competência para isso não possui, porém, seu programa de privatizações e sua política de arrocho fiscal amplia significativamente o lucro de multinacionais e de setores da burguesia nacional, daí o apoio destes segmentos a continuidade do Governo.

Mas, a política de paridade de preços dos derivados de petróleo surge como um grande empecilho à reeleição, do Incompetente da Nação. O acordo firmado com Luna e Silva, general indicado por Bolsonaro, não pode ser cumprido e a escalada dos preços impactam nas intenções de votos, além deste problema interno, o Governo terá que conviver com a guerra na Ucrânia que restringe o acesso ao petróleo cru.

Com os poços de exploração do Pré-Sal privatizados e a ampliação da necessidade do produto pelos EUA, que suspenderam a compra da Rússia, o país pode ver diminuir, ainda mais, a quantidade de petróleo refinado no país, ampliando-se o preço dos produtos finais. A questão é se o Governo Bolsonaro terá coragem de reverter a política de paridade de preço, defendida até janeiro de 2022, por seu Governo, esse é o único caminho para enfrentar a alta do custo dos derivados de petróleo.

 

SEGURANÇA ALIMENTAR

O Brasil idealizou o fortalecimento do conceito da seguridade social após a proclamação da Constituição, a assistência social, financiada principalmente pelas contribuições do PIS e da COFINS fundamentavam políticas públicas que preconizavam o mínimo de direitos a classe trabalhadora, desempregada e empobrecida.

Essas políticas compensatórias, teorizadas por economistas como Keynes, possibilitaram a construção de ações importantes no combate à fome, principalmente na garantia de renda nos rincões deste imenso Brasil. O programa de aquisição de alimentos é uma dessas iniciativas importantes, permitindo aos produtores da agricultura familiar escoarem sua produção, principalmente para atender programas de assistência alimentar implementados pelos Governos.

Ocorre que nos últimos 6 anos o orçamento deste belo programa reduziu em 86%, caindo de R$ 342 milhões, em 2015, para R$ 51 milhões, em 2021. Enquanto o orçamento para pagamento de bancos e especuladores financeiros cresceu 50,63%, passando de R$ 962 bilhões em 2015, para 1,9 trilhões em 2021. Isso demonstra claramente a quem serve o Estado brasileiro. Os interesses deste Governo e de seus aliados atendem os interesses dos mais ricos em detrimento do povo trabalhador de nosso país.

 

PROGRAMA DE CISTERNAS

A construção de cisternas consiste em uma das soluções mais adequadas ao enfrentamento da seca no semiárido brasileiro, a tecnologia contempla as comunidades de forma individual ou coletivas. O programa foi praticamente abandonado pelo atual Governo, a redução financeira é brusca, em 2014 foram aplicados R$ 714 milhões, em 2021, foi orçado R$ 61 milhões, porém não foi executado nenhum centavo. O projeto previa a captação de água da chuva para garantir o direito à vida, principalmente do povo nordestino. Este é um dos muitos programas abandonados pelo Governo Bolsonaro, ampliando as desigualdades impostas pelo capitalismo.

 

GOVERNO CHINÊS ACUSA EUA

Após a imprensa americana repercutir informações de que a China estava ajudando a operação militar russa, o Governo Chinês, negou a participação e pediu para que os EUA reflitam sobre seu papel na atual crise da Ucrânia. Afirmou, ainda, que o Governo americano cria e divulga informações falsas, consideradas por Pequim como antiprofissionais, antiéticas e irresponsáveis. A posição beligerante dos EUA, um dos países que mais ganham com a escalada armamentista não contribui em nenhum momento para que se possa chegar a uma solução rápida do conflito.

 

CONTINUA A DISTRIBUIÇÃO DE CARGOS

Os bastidores políticos do primeiro e segundo escalão do Governo Estadual continua em processo de loteamento, após posse do Coronel Álvaro Duarte para assumir o Detran, por indicação do Deputado Federal Nicoletti. Surge na cidade o burburinho de que Gerlaine Bacarin, esposa do Deputado Federal Hiran Gonçalves, irá assumir a Secretaria de Educação e Desporto do Estado. Com essa movimentação surge mais uma vaga a ser preenchida, a da Secretária de Representação em Brasília, SERBRAS, cujo cargo era ocupado pela Gerlaine Bacarin, tendo como adjunto a senhora Angela Lira, esposa do Presidente da Câmara dos Deputados, nomeada em setembro de 2021.


BOM DIA COM ALEGRIA

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