O ex-senador Telmário Mota que se encontra preso em virtude de ser acusado de participar da organização do assassinato de sua ex-esposa, bem como é investigado por denúncia de estupro contra sua própria filha, resolveu publicar uma carta à sociedade roraimense demonstrando sua servilidade aos interesses de Denarium.
Telmário consiste em um político que muda de posição conforme seus interesses pessoais e econômicos. Uma hora, determinada pessoa é a melhor do mundo, logo depois ela passa a ser a verdadeira tragédia grega. Vimos isso no processo de votação no impedimento da ex-Presidenta Dilma Rousseff, até 24h antes da votação, o senador por Roraima, dizia que era contrário ao impedimento. No ato da votação resolveu conceder poder político ao Romero Jucá, apoiando o impedimento da primeira mulher a presidir nossa nação, para que o liberal, signatário do documento a “Ponte para o Futuro”, Michel Temer assumisse o governo e procedesse com o desmonte da nossa indústria de petróleo em favor das 7 irmãs.
No texto, Telmário, tenta vitimizar-se ao afirmar que se encontra doente, com dores pelo corpo e falido economicamente e financeiramente, além de afirmar que está com psicológico abalado. Psicologicamente, deve sim encontra-se abalado, apesar de ter direito a prisão especial, não enfrentando o grave quadro de abandono humano, imposto a maioria dos acusados de assassinato, na cadeia e penitenciária.
No entanto, o teor da carta consiste em acusar que traidores e oportunistas querem cassar o mandato do governador Denarium. O senador Telmário foi preterido na chapa de senador, na reeleição do governador dos ricos, não se aproveitando desta forma da participação da farra da compra de votos com recursos públicos que elegeu o atual Senador Hiran Gonçalves. Esqueceu de apontar textualmente, o ex-senador, que Denarium já foi cassado por crime eleitoral de abuso de poder econômico. Em breve deve responder por crime contra a administração pública, após o fim do foro privilegiado que tem como governador, pois as provas são inúmeras da malversação de recursos públicos na campanha eleitoral de 2022.
A acusação de Telmário é estranha, ao apontar que a organização da cassação de Denarium, junto à justiça eleitoral de Roraima e em Brasília - onde se encontra o recurso de Denarium contra a cassação imposta pelo TRE/RR - é do atual senadozinho Mecias de Jesus. Parece esse mais um delírio de Telmário que deixou de acusar Jucá e passou a identificar Mecias como seu algoz. Na realidade, nem Jucá, nem Mecias, ficaram pianinho.
Já o ex-senador apoiador de Bolsonaro, o golpista - conforme comprova vários áudios de 2022 -, foi parar atrás das grades por um crime hediondo. Isso não quer dizer, em minha opinião, que o ex-senador Jucá e o atual senador Mecias não devam seguir o mesmo caminho, acredito que não por assassinato, mas por outros crimes que integram os vários processos que respondem na justiça brasileira.
Telmário conclama os empresários a se unirem na defesa de Denarium. Aqui ele acerta, pois a atual gestão estadual representa os interesses de uma elite econômica do Estado, a qual não podemos classificar como burgueses, mas sim, podemos identificar de extremistas de direita em sua grande maioria. Para sustentar sua conclamação, direto da cadeia, o ex-senador apresenta argumentos descontextualizados da realidade objetiva vivida pelo povo de Roraima. Primeiro, afirma que Roraima não pode ficar sem dinheiro. Não consigo entender essa assertiva, pois somos um Estado que dependemos quase exclusivamente de repasses federais. Apesar de nos últimos anos nossa arrecadação de ICMS ter crescido não representa mais de 20% do total do orçamento público roraimense.
Portanto, não sei se Telmário fala no intuito de proteger o povo, ou apenas, para garantir os recursos aos empresários que ganham licitações e não entregam as obras, ou mesmo, são beneficiados com gordas isenções fiscais, como garante a Lei 215/1998 em toda a cadeia produtiva da criação de gado e na produção de grãos. São milhões retirados da educação pública de nossos filhos e dos exames especializados na nossa saúde pública para encher o cocho dos amigos do palácio senador Hélio Campos.
Telmário, ainda fala que a continuidade de Denarium representa a garantia de pagamento salarial aos servidores públicos. Esquece o senador “traíra” que apoiava Suely Campos, de falar que boa parte do caos financeiro foi consolidado a partir da retenção pela ALE/RR e TJ/RR dos recursos do Estado para garantir o pagamento de seus duodécimos. Lógico que o governo de Suely foi eivado de denúncias de corrupção, Telmário apoiava esse governo com “unhas e dentes”. Se não me engano ao lado de Mecias de Jesus, hoje chamado de oportunista e traidor. Simbolismo, acredito eu, inerente em boa parte dos política roraimense.
Parece que Telmário pede socorro a Denarium em sua carta, acredito que em virtude de sua situação financeira que afirma está arruinada. Com argumentos fracos, afirma que entre seus interesses e do Estado, permanece com o último. Será Telmário? Sua prática política demonstra que entre qualquer pessoa e você, caminhas para proteger seus interesses sejam econômicos ou pessoais, mesmo que tenhas que romper acordos políticos e pessoais.
Ele aponta que Mecias foi um mal para o município de São João da Baliza, acredito que ele acerta. Ele questiona a gestão de Mecias a frente da presidência da ALE/RR, também acredito que ele acerta? Lembra do mal para os Yanomamis que foi a indicação de Mecias, durante o governo Bolsonaro, de gestores no Dsei/YY. Aqui é importante perguntar como foi a gestão de Telmário e Chico Rodrigues a frente da gestão do DSEI/Leste? Por último, levanta dúvidas sobre a influência de Mecias na gestão municipal em Rorainópolis? Não sei como está, mas se a referência for sua influência em São João do Baliza deve ser trágica para o povo.
Por último, conclama uma unidade dos empresários em torno da permanência do trabalho de Denarium a frente do governo do Estado, isso levará o Mecias a pastar e perder seu apoio político. Na introdução dessa assertiva chega a afirmar que Mecias é pior que Jucá. Ou seja, o que fazia Telmário ao lado de Mecias de Jesus por anos?
A carta do político demonstra como os suspeitos por praticar crimes circundam o governador cassado, Antônio Denarium. Enfim, esse é um triste fim de mais um filho de Roraima que ao chegar ao poder político e ter apoio do povo resolveu chafurdar na lama que faz feder boa parte dos frios gabinetes da administração pública de nosso Estado, em virtude dos mais diversos esquemas de corrupção, enquanto nosso povo passa fome e ver as poucas terras que possuem sendo tomadas por grileiros de Goiás, unidade da federação, onde Telmário foi preso como foragido.
Recuo da extrema-direita
Após, o fracasso do movimento de rua, no último dia 07 de setembro, organizado pela extrema direita cristã, seus representantes no congresso nacional que estavam a afirmar altivamente que iriam aprovar, na comissão de constituição e justiça da câmara de deputados, a PEC 08 que limita decisões monocráticas pelos ministros do STF e a anistia aos crimes contra a democracia cometidos após o fim do segundo turno das eleições. Recuaram ante a ausência de apoio político, a disputa eleitoral nos municípios e as pesquisas existentes, somado ao fracasso do ato da paulista, transferiram a votação para o mês de outubro. Provavelmente, as propostas não serão votadas, pois afrontam a Constituição de nosso país. No máximo, o show de horrores das falas dos apoiadores das medidas propostas, serviram para que seus assessores pudessem realizar gravações para que suas mídias sociais monetizadas possam gerar mais uma graninha extra.
O quadro se consolidou após um acordo entre a direita e o governo, a fim de que os temas não pudessem dilapidar a institucionalidade da democracia burguesa na atual conjuntura. A extrema-direita reagiu com seus arroubos, ameaçando que abandonará a candidatura de Arthur Lira à presidência da Câmara dos Deputados, sendo o compromisso de aprovar a anistia aos golpistas de 2022/2023, incluindo Bolsonaro - o eterno anistiado por seus crimes - condição para o apoio da extrema-direita a direção da mesa diretora das casas legislativas. A impunidade é a principal pauta de negociação de Bolsonaro e seus apoiadores na eleição do parlamento brasileiro que ocorrerá em fevereiro próximo.
5 anos do óleo em nossas praias
Em 30/08 completamos meia década do início da chegada do petróleo nas praias, especialmente do nordeste brasileiro. Foram cerca de 3 mil km de extensão que alteraram a qualidade de vida de ribeirinhos, profissionais da pesca, marisqueiros entre outros que sobrevivem da pesca. Após, 6 meses do início da tragédia humana, cerca de 300 mil trabalhadores e trabalhadoras da pesca ficaram na expectativa de receberem uma ajuda do governo federal, segundo as entidades representativas apenas umas 60 mil pessoas foram contempladas, os demais ficaram a esmo vendo o óleo espantar espécies, causar doenças e transformar a pacata realidade de milhares de famílias. Durante o caos da contaminação ambiental, a própria população reuniu-se para evitar que o petróleo se espalhasse pelos mangues, principal fonte de renda de mulheres que vivem em nossas áreas de caiçaras. Em época de aumento das crises ambientais, devido às mudanças climáticas é fundamental que o Estado brasileiro regule melhor essas questões de danos ambientais e humanos, seja pelo cometimento de crime ou imposições da nova agenda climática.
Resposta a altura
A embaixada cubana emitiu uma nota respondendo a um editorial do jornal Folha de São Paulo - aquele que defendeu recentemente a privatização da Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal - que afirmou, entre outras acusações, a definição de o governo da ilha socialista ser arcaico. Em sua resposta o governo cubano esclareceu vários ganhos de seu povo, citando entre os vários exemplos a erradicação do analfebetismo. O teor do documento afirma que não esperava postura diferente de um veículo de comunicação que apoiou as ditaduras incentivadas pelos EUA e enaltece Milton Friedman. No corpo da resposta afirmam que o bloqueio econômico, financeiro e comercial imposto desde fevereiro de 1962 e ampliado por Trump em 2021 não é um pretexto é uma realidade, realmente arcaica, de penalizar povos não-alinhados, impondo dificuldades ao desenvolvimento e bem-estar humano dos cubanos superados com muita dedicação e autonomia política.
Bom dia, com alegria.
Fábio Almeida
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