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Foto do escritorFabio Almeida

12/04/2023

Tempos muito difíceis. Começamos o ano com uma horda violenta de viés fascista querendo subverter a lógica das eleições a força, a fim de que um projeto neoliberal de pleno ataque aos direitos individuais e coletivos estampados na Constituição de nossa república continuassem a ser dilacerados pela fome e falta de moradia de milhões de brasileiros. Agora miram nossas crianças e jovens.


Porém, essa segunda crise que vivenciamos e se alastra nos grupos de extrema direita, envolvendo nossas crianças e adolescentes, expõe claramente que não existe caráter algum em parcela de apoiadores de Bolsonaro. Como é possível pessoas quererem ganhar dinheiro com monetização promovendo o ódio entre crianças e adolescentes? Nas últimas duas semanas são várias famílias atingidas diretamente com a dor da perda ou do medo. Indiretamente milhões de discentes, docentes e trabalhadores da educação sofrem a angústia de chegar na escola. Que tempo é esse?


A atual realidade exige de nossa sociedade reflexões mais consistentes que permitam avaliar onde realmente erramos. Deixamos de olhar ao lado e não vimos entrar na ciranda pessoas que nutrem ódio como ferramenta de exacerbação de sua vida. Quando foi que falhamos? O fruto da atual realidade de violência tenciona ainda mais as posições neofascistas, por isso que os detentores da chama do ódio resolveram atingir nossas crianças e jovens, buscam assim, cultuar a política do medo como ferramenta mobilizadora de suas propostas.


Mais armas para o povo! Queremos ter o direito de matar! Queremos mais sangue de jovens pretos tingido as ruas sem asfalto de nossas periferias! Gritam pelos quatro cantos depois da morte de docentes e crianças. A premissa é resolver com mais ódio, com mais violência, com mais segregação da liberdade de nossos estudantes. A lógica indutora é tão superficial que clamam por polícia dentro da escola, detectores de metal e revistas nas entradas dos estabelecimentos de ensino. Nossas crianças e jovens estão apenas dentro das escolas? Não. Por isso, precisamos repensar nossa prática como sociedade. Precisamos de uma CULTURA DE PAZ.


A violência transformou-se numa prática tão corriqueira que pessoas se acham no direito de chicotear outras. Afirmam abertamente que em virtude de pagarem o IPTU possuem direito exclusivo a determinar quem pode ou não sentar na calçada. Se aquele cidadão e cidadã for mais um jovem preto e indígena a farra da violência começa a surtir seus maiores devaneios midiáticos para mais um pouquinho de grana monetizada por mídias sociais, as quais compreenderam cedo o desejo de sangue de parcelas cada vez mais largas da sociedade brasileira.


Bom! Meu interesse aqui é falar sobre nossas escolas. A educação pública vive uma crise imensa desde muito tempo atrás. Primeiro não temos escolas, mas sim, depósitos de alunos e alunas. Os estabelecimentos de ensino, ao menos em Roraima, vivem cheios de matos, mosquitos, fedendo e sem manutenção – quando essa é feita custando milhões de reais é tão superficial que poucos meses depois tudo fica igual novamente. Temos escolas sem atrativos, pinturas neutras não representam a essência da vida que entorpece o desejo de viver de crianças e jovens. Precisamos de escolas urgentemente que promovam o convívio humano em sua multicolorida forma de organização.


Quanto as garantias de instrumentos pedagógicos, nos ferramos. Só existe o professor, suas cordas vocais, o pincel e a resiliência de junto com o corpo discente criar estratégias que superem a proibição de utilizar a sala de informática. Existe política mais equivocada que a sala de informática não poder ser usada, ou mesmo, termos salas de aula sem recursos algum de multimídia, nem mesmo computadores para nossos alunos são realidades. Mas, não precisamos apenas destes recursos. Queremos livros, queremos música, queremos teatro, queremos dança, queremos uma escola que promova a vida e o amor. Não o ódio perpetrado pelas palavras negão, cabeção, orelhão ou botijão.


Laboratórios? Eita! Quanto tempo que falamos da necessidade de laboratórios para proporcionar a experiência da transformação prática, da teoria fundamentada em noções hoje apresentadas apenas no quadro, não mais de giz, porém com a mesma lógica opressora da transmissão de conteúdo, principalmente pelos milhares de professores que veem a educação como um bico, um detalhe financeiro em suas vidas. Por que nossas salas não são temáticas? Qual a dificuldade para que possamos ter mapas, prismas, constelações, fotos, enfim termos salas que permitam o pleno processo de construção do conhecimento.


Quando falamos em conhecimento partimos do princípio de que quanto mais educação, maior a capacidade de resiliência e compreensão dos limites impostos pelo respeito à vida. Porém, quanto desta violência que vivenciamos nos dias atuais, inclusive a praticada por nossos jovens não reproduz o discurso de pais, tios e avós e até mesmo mães que afirmam a violência como prática da solução de conflitos. Na vida já vive muitas ameaças. Lógico que não posso descartar a possibilidades delas se concretizarem. Mas resolverei o que com mais violência? Para mudarmos nossas escolas precisamos iniciar com um processo de transformação da realidade violenta que existem na maioria de nossos lares, independente da classe social.


Agora, violência em escola sempre existiu. Brigas devido namoricos. Murros devido uma fala mais áspera ou uma mentira contada, compõe a lógica prematura de jovens que se encontram na busca de seu lugar, algo combatido pelas direções escolares com diálogo, não policiais armados. No entanto, duas novas questões surgiram e nos colocaram de quatro, boquiabertos e sem a noção concreta de como agir, até porque nem o governo consegue que as mídias sociais removam conteúdos violentos. Porém, nossa premissa deve ser enfrentar os dois pontos que apresento abaixo.


O primeiro deles consiste nas mídias sociais e na internet em geral. É fundamental revermos essa lógica do uso de aparelhos celulares em nossas escolas. Na minha opinião devíamos proibir celulares nas escolas. Escola é local de outras relações, não do olho grudado na luz azul entorpecedora do desejo de relações humanas. Melhor do que defender polícia na escola é defender fim do celular na escola, para docentes e discentes. Isso já oportunizaria o retorno ao princípio básico que nos fez homo sapiens: a convivência, as relações, a comunicação o carinho e o contato. Práticas que somem a cada dia da maioria de nossos jovens que se encontram perdidos em um mundo de likes ou tiros em games cada vez mais realistas.


O outro ponto consiste na lógica enaltecida pelo governo anterior de que você é livre para fazer o que quiser. Você é livre para falar o que quiser. Você possui o direito de matar se isso for necessário. Essas três premissas promovem grandes revoluções comportamentais, principalmente em jovens que se estabelecem em mundos paralelos ao da realidade humana, quando se deparam com essa realidade não conseguem reagir, sobressaí apenas o desejo de revidar, pautado inclusive no direito de matar, pois a vida, arte do destino secular da evolução biológica ou da criação por deuses, deixou de ter valor para muitas famílias que afirmam em suas mesas – Esse deveria morrer.


Retomar a proteção da vida. Reincorporar a perspectiva de uma cultura de paz. Reorganizar o nosso espaço comunitário. Novas 3 premissas que devem suprir a lógica violenta daquelas outras três, promovendo relações humanas de respeito ao próximo, de compreensão das diferenças e valorização da diversidade que nos fez por muito tempo ser o povo mais feliz do mundo, mesmo ante as agruras impostas pela elite brasileira a maioria de nosso povo, com a lógica da concentração de renda e da riqueza.


O açodamento belicista pautado em detectores de metais e policiais armados nas escolas, reproduz apenas a lógica fascista de militarização e cerceamento das liberdades, não barrará violência alguma. Muros serão pulados e armas entrarão de outras formas. Veja, Roraima, a medida que crescemos a quantidade de policiais, crescemos o número de registro de violências, inclusive nas escolas militarizadas, muitas vezes a violência é institucional. Isso ocorre por dois motivos. O primeiro é que não investimos onde realmente teríamos resultados, ou seja, no combate às desigualdades e a concentração da riqueza.


Isso sim, impactaria nossos índices de violência de forma efetiva, pois é o acolhimento social que agrega, não o tapa policial nas ruas de Boa Vista, como muitos meninos e meninas recebem no que se denominou chamar de periferia. O segundo motivo é o processo de formação de nossas forças policiais, sustentadas em estereótipos que promovem a segregação e a violência como prática de ação. Quem sofre é o filho do trabalhador e da trabalhadora que é obrigado a circular pelas vielas mais escuras da cidade.


O problema que enfrentamos não se encontra dentro de nossas escolas. Sustenta-se na deterioração de princípios humanos no âmbito de nossas relações sociais. A escola é na prática um microcosmos da sociedade, lógico que com cidadãos e cidadãs com outras referências, inclusive daquele discente trabalhador. Portanto, tentar combater a violência e as agressões ocorridas em nossas escolas, apenas dentro delas é um erro. Querer acreditar que a solução consiste em mais investimento em forças e equipamentos de segurança é outro erro. Não temos mais o direito de errar, pois são nossas crianças e jovens que perdem sua vida, em virtude de nossa incompetência social.


Para encerrar é fundamental falar sobre a cultura do enaltecimento a violências pessoais que crescem dentro das nossas escolas. Muito disto é ligado aquela premissa do posso falar o que eu quiser. Ocorre que do outro lado existe alguém que afirma também ter o direito de matar para resolver o problema. Combater o preconceito, o racismo, a misoginia e a xenofobia é essencial em nossas escolas, o vereadozinho Baré, ou melhor Fanta, de Boa Vista deveria era promover ações que observassem causas, não reproduzisse a perpetuação de ações que proporcionam mais violência e restrição a vida.

 

A MOSCA VOLTOU

No ano de 2022 o governo Bolsonaro terceirizou o processo de controle da mosca da carambola no Estado de Roraima. Essa mudança prejudicou o desenvolvimento das atividades fazendo com que um processo que se encontrava sobre controle, transforme-se em um conjunto de inações que impuseram a decretação, na última segunda-feira, em área de quarentena, sendo proibida a exportação de frutas in natura, principalmente da combalida agricultura familiar. A decisão do MAPA deve passar pelo fim da contratação desta empresa terceirizada e a retomada das atividades em parceria com a ADER, reorganizando o trabalho desenvolvido de forma constante, plena e perene. Pois, os mais prejudicados com a atual decisão do MAPA são os agricultores e agricultoras familiares.

 

SESC

A decisão de suspender as aulas, antecipando o recesso do meio do ano, realizado pelo estabelecimento de ensino privado do serviço do comércio é errada. Um dos objetivos dos extremistas de direita que protagonizam esse terror no corpo discente, docente e trabalhadores da educação é justamente suspender aulas. Os propagadores do dia 20 de abril precisam ser punidos exemplarmente, como o serão os bandidos que invadiram as sedes dos poderes no dia 08/01/2023. Esse dia marcado por marginais de extrema direita busca reverenciar o massacre ocorrido numa escola em Columbine/EUA, no ano de 1999. Portanto, ao invés de permitir que o medo seja uma ferramenta indutora das ações, devemos transformar esse dia, em uma grande manifestação em defesa da vida, com pais, discentes, docentes e trabalhadores defendendo nossas crianças e jovens em uma grande ciranda em defesa da CULTURA DA PAZ.

 

LAMENTÁVEL

As cenas protagonizadas pelos Deputados Federais na comissão de segurança pública e combate ao crime organizado merece o repúdio da sociedade brasileira. É lamentável que nossos representantes, ante graves problemas que vivenciamos na segurança pública trate um ministro de estado de forma desrespeitosa, adotando como referência para seus pronunciamentos narrativas sem sustentação alguma, a exemplo de afirmar uma relação entre o atual ministro da justiça e segurança, com o crime organizado, exclusivamente devido a participação do gestor em um evento realizado na comunidade da Maré/RJ. É preciso que nossos parlamentares contribuam para consolidação de políticas públicas não reproduzam o ódio e a mentira como ferramenta de exaltação da divisão da sociedade e fragmentação de políticas públicas. O direito de ser oposição é fundamental à luta política, porém molecagem não pode ser a prática dos derrotados nas eleições de 2022.

 

COMEÇARÁ O JULGAMENTO

A presidência do STF determinou que os primeiros 100 réus denunciados pelos ataques as sedes dos poderes da república começarão a ser julgados entre os dias 18 e 24/04/2023. A celeridade do judiciário é fundamental para conter arroubos golpistas que ainda se organizam neste país, promovidos pela extrema direita e vários parlamentares que ainda não admitem a derrota eleitoral. O julgamento será realizado no plenário virtual, permitindo uma maior agilidade nas análises a serem realizadas pelos ministros da corte suprema. A punição exemplar destes bandidos, incentivados pelo bolsonarismo, irá mostrar que o Estado brasileiro não admitirá aventuras de uma extrema direita golpista. Hoje, ainda serão escutados pela polícia federal 80 militares, entre eles serão ouvidos os generais Henrique Dutra Menezes, Carlos José Russo Assumpção Penteado e Carlos Feitosa Rodrigues.

 

TABATA AMARAL

Filiada ao PSB/SP, a deputada federal tenta viabilizar uma candidatura à Prefeitura da maior cidade brasileira. Ela pretende aparecer como uma bolha fora da polarização política entre petistas e liberais/conservadores. Identifica-se como de centro-esquerda, buscando ocupar um viés socialdemocrata, ocorre que esse espaço já foi ocupado pelo PT, quando o PSDB enveredou para uma pauta liberal. A deputada acredita que é preciso um partido com uma visão econômica de centro. É importante que o PSB possa esclarecer o que significa isso? É preciso que a centro-esquerda e a esquerda tenham sabedoria de construir um programa mínimo de convergência para avanços civilizacionais na cidade de São Paulo, para vencer a direita que se organizará em torno de Tracísio, governador do Estado, com apoio da extrema direita, capitaneada pelo PL. Portanto, não há espaço para elucubrações que não sejam claras para o povo, às lideranças sociais e sindicais, além dos partidos políticos. Não dá é para nessa bola dividida olharmos a eleição municipal buscando protagonismos que podem levar a extrema direita governar a cidade de São Paulo, prejudicando assim a vida de milhões da classe trabalhadora.

 

PROIBIDOS

A advocacia geral da união (AGU) emitiu um parecer vetando a participação de indivíduos e empresas que participaram dos atos golpistas, no dia 08/01/2023, de concorrerem em licitações públicas. Para o órgão a participação nos atos golpistas é incompatível com os princípios da moralidade, do interesse público e da segurança jurídica, requisitos previstos na Constituição e exigidos numa licitação. A vedação proposta é de 5 anos, penalidade importante para conter o financiamento de atos golpistas, promovido por empresas, como comprova as investigações promovidas pelo MPF. O Estado brasileiro age com rapidez e eficiência para enfrentar os golpistas de extrema direita.


Boa tarde. Um forte abraço.

 

Fábio Almeida

Jornalista e Historiador.

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