Levante. Trago essa palavra no intuito de refletir, junto com você, em torno da luta da classe trabalhadora como ferramenta efetiva de transformação da realidade. Historicamente os trabalhadores constroem saídas unificadas, não necessariamente revolucionárias, mas transformadora das realidades sociais e econômicas que impõe a maioria do povo sofrimento, exploração, fome e ausência de um local digno para morar. Realidade vivenciada hoje, diante do governo neoliberal de Bolsonaro e seus aliados, por milhões de brasileiras e brasileiros.
Esse quadro não se restringe a classe trabalhadora da “terra brasilis”, pois a automação e robotização assumem papel cada vez maior na produção manual e intelectual, devido o desenvolvimento das linguagens de computadores, essa realidade se espraia por todos os lugares, afetando diretamente a periferia do sistema capitalista.
Apesar do trabalho humano continuar sendo a essencialidade da nossa existência e peça fundamental para apropriação de capital pelo burguês, as transformações, apresentadas no parágrafo anterior, levam muitos trabalhadores a ficarem sem onde “ser explorado” integrando o que Marx denominava como o exército industrial de reserva, desempregados.
O ataque a classe trabalhadora tornou-se uma realidade mundial, onde conquistas como férias remuneradas e descanso semanal remunerado são direitos do mundo do trabalho que a burguesia tenta a todo momento retirar, não por ser teoricamente contra a classe trabalhadora, mas sim, em virtude de a essência da burguesia ser ampliar o lucro, a um custo cada vez menor de produção, neste caso, os direitos mencionados acima poderiam se configurar em lucro, transformando desta forma burgueses e trabalhadores em inimigos de classe.
Aqui na “terra brasilis” temos um exemplo claro desta expropriação que impõe perdas diretas ao trabalhador, denomina-se desoneração da folha de pagamento, recentemente prorrogada pelo Governo de Bolsonaro até 2023. A medida consiste em renúncia fiscal no pagamento do INSS patronal que deixa de incidir sobre a folha de pagamento, passando a ser cobrado com base na receita bruta. Essa medida gerará um rombo no INSS de cerca de R$ 4,8 bilhões em 2022, fato que imporá brevemente uma necessidade de reorganização na previdência, seja com aumento da contribuição, aumento da idade para aposentadoria ou mesmo aumento da alíquota de contribuição, como fez Bolsonaro, em 2019, com sua reforma.
A questão que fica pendente é: Até quando aguentaremos tamanho acharque do Estado brasileiro? O que impede a classe trabalhadora, empregada ou não, de tomar as ruas e gritar basta? Por que admitimos viver em um Estado que na cara dura destina 49% do orçamento público para pagamentos de bancos? Nossa apatia política, forjada na insígnia de que “política não se discute” oportunizará a nossas crianças e jovens qual Estado no futuro?
Buscar respostas a essas questões exigem reflexões sobre várias vertentes estruturais de nossa nação, principalmente diante do adesismo de classe de parte dos trabalhadores e suas entidades representativas. Porém, destaco seja a classe trabalhadora, suas entidades sindicais e sociais ou seus partidos, não possuem um projeto de Estado. Luto por melhor salário e plano privado de saúde no sindicato, mas não me importa o preço da gasolina. Luto por moradia, mas não me importa a crise ambiental. Luto por terra, mas não me importa a falta de escolas. Luto pela minha igreja, mas não me importa a exploração escravocrata.
A ausência de uma perspectiva de qual Estado queremos nos deixa focados em lutas setoriais e pontuais. Possibilitando um baile, livre de trabalhadores, onde os burgueses desfrutam dos privilégios garantidos pelo Estado brasileiro. Necessitamos forjar um projeto de Estado revolucionário em sua essência e em sua prática, impondo as elites brasileiras e internacionais perdas concretas, por meio da reformulação de nosso pacto social, em minha opinião, baseada nas premissas “terra, trabalho, solidariedade e pão”, tendo como princípio a radicalização da inclusão da classe trabalhadora na gestão do processo político e produtivo.
Não adianta combatermos Bolsonaro e sua política neoliberal com uma ação adesista aos interesses da burguesia nacional e internacional que espolia nossa nação. A classe trabalhadora, por meio dos sindicatos, movimentos sociais e partidos devem em 2022 realizar um novo CONCLAT que possibilite retomamos nossa luta por um Estado que preconize o desenvolvimento humano, em detrimento do desenvolvimento econômico. Levantemo-nos contra o neoliberalismo e a exploração do homem pelo homem.
NÃO A REFORMA TRABALHISTA
Centrais sindicais publicaram nota, em 11/01/2022, em resposta ao ex-Presidente Michel Temer apontando que a reforma trabalhista, aprovada em 2017 retirou direitos sim da classe trabalhadora, entre os quais citam: a regulamentação do trabalho intermitente (trabalho sem joornada mínima e sem vínculo com o salário mínimo); a regulamentação do trabalho de mulheres gestantes em locais insalubres, até então vedado; aprovação da desobrigação de pagamento do piso ou do salário mínimo na remuneração por produção; eliminação da gratuidade da justiça do trabalho; aprovação de que acordos coletivos podem sobrepor a legislação; autorização da homologação de demissão sem assistência sindical. Afirmam as centrais que após a aprovação da reforma em 2017 o número de desempregados cresce a cada ano. Dados das centrais sindicais apontam que entre informais, desempregados e desalentados chegamos a 61,3 milhões de trabalhadoras e trabalhadores em vulnerabilidade alimentar.
SAÚDE MUNICIPAL
Em recente entrevista a uma rádio local a gestão do SUS em Boa Vista deixou claro que a cobertura da estratégia de saúde da família em nossa cidade é de 55%, isso ocorre em virtude da gestão do MBD, capitaneada pelos interesses de Teresa Surita, não implantarem novas equipes de saúde multiprofissionais. Na realidade quando Teresa assumiu a gestão em 2013, a cobertura da estratégia de saúde da família era de 67%, com o aumento da população e o número de equipes estagnado deixamos milhares de pessoas sem acompanhamento multiprofissional de saúde. Daí os péssimos níveis de cobertura vacinal, os altos índices de câncer de mama e colo de útero ou mesmo sermos uma cidade com prevalência de casos de tuberculose, uma doença de séculos atrás. Não podem reclamar que a população procura o hospital infantil com seus filhos e filhas. Uma coisa o Denóquio fala corretamente, a ineficiência da atenção primária da prefeitura lota os estabelecimentos de atenção secundária do Estado, apesar da incompetência do governo Estadual em gerir a saúde pública.
O DRAGÃO DA INFLAÇÃO VOLTOU
No dia em que o IBGE divulgou a prévia da inflação em 2021, cuja garfada na renda da classe trabalhadora, foi de 10,06%, o Governo Bolsonaro, anuncia um novo aumento da gasolina de 4,85%, ampliando desta forma a dificuldade de vida do povo brasileiro que se ver diante da ausência de políticas de geração de emprego, das tragédias ambientais e das pandemias virais sua qualidade de vida piorar a cada ano. Isso tudo fruto da política neoliberal de Bolsonaro que dolariza a economia brasileira e promove uma verdadeira liquidação das riquezas nacionais. Além de impor ao povo corte de direitos trabalhistas e sociais que ampliam as desigualdades no país.
GREVE DA ÁREA FINANCEIRA DO GOVERNO
Após a receita federal realizar uma paralização de 48h em virtude da ausência de recomposição salarial dos servidores públicos e cortes que afetarão a política de informatização do setor. Chegou a hora dos trabalhadores do Banco Central do Brasil anunciarem uma paralisação para o dia 18/01/2021, em virtude de não ter avançado as negociações do acordo coletivo da categoria. Com a carestia, a ausência de recomposição salarial, a inflação e os privilégios aos mais ricos concedidos pelo Governo Bolsonaro, as greves podem marcar o ano de 2022. A luta não deve ser apenas em defesa de aumentos, mas em defesa da vida e pelo #ForaBolsonaroeMourão. Em Roraima os professores ameaçam a deflagração de uma greve em fevereiro, em virtude da inexistência de recomposição salarial, pelo quinto ano consecutivo.
O NACIRCISMO DE BOLSONARO
Em entrevista a uma das emissoras porta vozes das insígnias conservadoras e liberais no Brasil, o incompetente da República Bolsonaro, afirmou no auge da sua arrogância narcisista “ser a pessoa mais importante do Brasil”. O louvor ao seu ego – mesmo diante da inoperância do governo em enfrentar a fome e o desemprego, levando o país a registrar o maior número de emigração de filhos da pátria e o aumento das pessoas em situação de rua, em nossas cidades – foi utilizado para afirmar que ele foi eleito para não permitir que o Brasil se transformasse numa Venezuela. Lá na República Bolivariana um embargo Econômico desestrutura a economia exportadora de comodites. Aqui, o Governo Bolsonaro desestrutura a economia sem a necessidade de um embargo econômico de outras nações. É um medíocre.
A ARISTOCRACIA RURAL E A BALA COMO FERRAMENTA
O ano de 2022 iniciou com mais uma lamentável chacina em nosso país. Pai, mãe e filha foram assassinados a tiros em São Félix do Xingú, no sul do Estado do Pará. A família desenvolvia ações de proteção ambiental e defesa de quelônios que utilizam as praias do rio Xingú para depositar seus ovos. A região é marcada por um histórico de assassinatos de líderes ambientais e rurais. Os homicídios – descobertos ontem pelo filho do casal e seu tio levaram a vida de Zé do Lago, Márcia e Joane – ocorrem no segundo município que mais desmata no Estado que centralizou a revolução cabana. Levantamento realizado no ano de 2020, pela Global Witness, demonstra que o Brasil é o quarto país mais perigoso para ambientalistas, o braço armado do latifúndio, garimpo e madeireiras perde apenas para Filipinas, México e Colômbia. Meus sentimentos aos familiares e minha solidariedade aos ambientalistas e todos os lutadores sociais da Amazônia.
BOM DIA COM ALEGRIA
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