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Foto do escritorFabio Almeida

10/09/2024

Completa-se 40 anos do movimento Roraimeira. Em meados da década de 1980, jovens se reuniam para idealizar um novo modo de expressar sua realidade, a música foi um dos principais meios de expressão, outras formas de manifestação cultural seguiram o mesmo caminho, promover a vida, o povo, o ambiente da planície sombreada pelo Parima.

Cantar a Damurida com Pimenta como forma concreta de alimentação de povos que veem no Beiju e na Paçoca muito além de uma relação ancestral com a mandioca, mas a base correta para cortar a acidez da jiquitaia que solapa de sabores a imaginação de cada um que escuta as ondas sonoras do trio roraimeira, os quais promulgam uma miscelânea da valorização do local.


Os principais idealizadores do que culturalmente definiu-se como Roraimeira, objeto de estudos sociológicos e musicais, representam também uma fração importante da formação de nosso povo. Neuber Uchôa, Zeca Preto e Eliakim Rufino conseguiram, pelas notas de seus violões, apresentar a consolidação de uma sociedade que se forjou de uma mescla cultural entre os indígenas, o imigrante do nordeste brasileiro e de outras localidades da América Latina. Naquele peíodo de eferversência democrática, em um Estado onde ainda funcionava o SNI - extinto por aqui apenas 1989 - cantar Roraima foi a marca de uma luta.


Aqui o importante não foi debater ou apresentar a opressão de um sistema, mas permitir que a profusão de relações fossem ecoadas pelo som do vento no Buriti que entoa melodias que fazem o Parimé levantar, cantar e dançar na beira das brancas areias que enfeitam as margens de nossos rios, definidos pela ação concreta da Cruviana, que transporta para outras paragens o pulsar da Amazônia Setentrional, embalando emoções na rede de Capitiana.


O show em comemoração aos 40 anos do movimento, realizado no último dia 08/09/2024, foi maravilhoso, não apenas pela produção que foi estupenda, mas pela bela apresentação de todas as vozes e todas as mãos que promoveram uma linda festa de reencontros da valorização de Roraima. A guitarra muito bem conduzida deu um brilho extra às melodias, com solos maravilhosos que foram amparados por uma percussão que promoveu novas interações de marcação enaltecidas por uma bateria magistral, além de um baixo que elegantemente conduzia as graves notas do Hi-fi.


A magia da Amazônia na interpretação de animais de nossa fauna recuperou imagens dos 20 anos, quando o evento central foi no teatro Carlos Gomes. Naquele período a onça, o sapo e a arara foram interpretadas pela jornalista Vânia Coelho. Domingo, magistralmente tivemos a retomada desse cenário que encantou as crianças presentes no teatro municipal de Boa Vista - que deveria em respeito a grandeza de um de nossos mauores expoentes passar a denominar-se Teatro Municipal Jaider Esbell - com a bela apresentação de Nathana Lindey.


Linda a emoção de nosso querido Halisson Crystian que com sua meninice continua a contagiar corações com sua potente voz e sua altivez melódica. As divas Euterpe e Leka com suas vozes maravilhosas conduziram com maestria o público, acredito que uma dessas grandes cantoras poderia ter nos brindado a linda canção de Neuber Uchôa chamada “Ave”. Já Kel Silva e sua potência vocal trouxe um novo Roraimeira que promove questões sociais importantes em sua letra.


Os rebentos promoveram uma esperança de continuidade de um movimento que necessita permanecer altivo. Especialmente por vivermos em momentos de tanto ódio que anula o local e enaltece o comum e consumível que fundamenta trilhas de apagamento de movimentos  importantes a constituição do “Eu” e do “Nós”. Suas vozes entoaram um chamado a todos os presentes, como partes integrantes desses grandes lagos que possibilitam novos olhares - falar nisso senti falta do hino, nossa querida música Roraimeira.


Nossos lindos campos têm mais flores com a dedicação dos roraimeiras em expressar por meio das artes, as belezas de nosso povo, as singularidades de nossa cultura e a eterna magia de nosso meio ambiente. Que venham infinitos anos com o trio roraimeira e seus herdeiros para que a terra do Caracaranã, do Caju, Seriguela, do Buriti e do Caxiri continue a ver o Bem-Querer de nossa riqueza cultural e ambiental.

 

Micou

Normalmente chamávamos de ‘Micar’ ações planejadas que não florescem da forma que almejamos. Hoje, a moçada chama de ‘Flopou’ na era das redes sociais, as quais  foram amplamente utilizadas para convocar mais um ato da extrema direita internacional contra o STF. Os ataques direcionados ao Ministro Alexandre de Moraes, ao cobrar seu impedimento, consiste exclusivamente na busca de tentar impor um cabresto sobre atuação da corte constitucional, algo muito perigoso.


O evento que previa a participação de 1 milhão de brasileiros teve um comparecimento de cerca de 45 mil pessoas, bem abaixo do esperado. Os que faltaram e os que se contrapõem ouviram a extrema direita chamar de autoritarismo a prisão de pessoas que destruíram as sedes dos três poderes em 08/01/2023, bem como, bradaram pela anistia a esses criminosos. Esse circo todo era para tentar ampliar forças políticas para votação do PL 2858/2022 que anistia todos os crimes políticos cometidos após o dia 30/10/2022 e as PEC’s que limitam a atuação do STF, subordinando decisões constitucionais à aprovação do plenário do Congresso.


Parece que a população brasileira não embarcou neste barco do reacionarismo político que almeja a consolidação de uma teocracia, como deixa claro a intervenção do pescador de 10%, Silas Malafaia. O mais cômico foi o governador neoliberal de São Paulo, que líquida o patrimônio daquele povo, afirmar ter muita saudade da época de Bolsonaro na Presidência da República, em virtude dos feitos realizados, neste momento não conseguiu lembrar de nenhum feito, exclusivamente em virtude deste não existir. O evento foi mais uma expressão da necropolítica defendida pelos bolsonaros e os que o circundam, pois com eles apesar de falarem em nome da liberdade querem na prática impor controle sobre as liberdades individuais e políticas.


Na tarde de ontem, um grupo de 150 parlamentares, incluindo os deputados federais do União Brasil de Roraima, promoveram a entrega de um novo pedido de impedimento do ministro Alexandre de Moraes. A principal denúncia é a suspensão do ‘X’ do Brasil. Duas questões aqui são fundamentais de serem observadas. A primeira delas consiste na perda de força do pedido em virtude do fiasco político do evento de sábado, como já tratado aqui. O segundo é tentar compreender como pessoas que se identificam com um discurso exacerbado em defesa da nação se colocam contra o STF, por punir uma empresa que desrespeita decisões do judiciário brasileiro?. Na verdade esse pedido serve apenas para ganhar curtidas dos signatários da petição pública pela cassação do ministro do STF. 

 

Lenha na Fogueira

O presidente da Ca$a Legi$lativa colocou lenha na fogueira da política local. Em entrevista ao panfleto radiofônico da direita roraimense, no último domingo, Sampaio afirmou que disputará o governo, se o recurso de Denarium contra a cassação do TRE não for aceito pelos ministros do TSE. O pronunciamento amplia a capilaridade do racha político no âmbito da direita, potencializando os interesses do governador Cassado em tentar anular a reeleição de Sampaio para o biênio 2025/2026 na ALE/RR. O parlamentar deixou claro que se o Republicano não aceitar sua candidatura, ele disputará o governo pelo PDT, partido que ocupa a posição de vice, na chapa de Catarina Guerra, candidata de Denarium. O fogo de monturo queima lentamente a unidade entre extremistas de direita e representantes da direita e centro-direita, abrindo crises que podem ser aproveitadas por outros rumos ideológicos. Nesse contexto, a ascensão de políticos alienígenas podem crescer de forma assustadora e conquistar o governo, já que a esquerda e a centro-esquerda são incapazes de delinear um programa  mínimo de unidade em torno da disputa do Estado de Makunai’mî.

 

A Farra do Dinheiro Público

A menos de 30 dias do pleito eleitoral já foram apreendidos veículos com material de propaganda eleitoral de candidatos à vereança e muita grana, somando mais de R$2 milhões. Muita dinheiro não é? Com essa bagatela seria possível construir 10 casas populares do Minha Casa, Minha Vida da faixa 1. O pior que essa grana é apreendida com prestadores de serviços que em licitações dirigidas ganham contratos milionários, muitas vezes por dispensa de licitação. O saldo é a ineficiência no gasto público, em contrapartida uma poupança para comprar votos. Enquanto, a sociedade roraimense continuar a vender seus ideais republicanos continuaremos a ver medíocres chegarem aos espaços de poder, perpetuando esse ciclo vicioso que se estrutura por meio da malversação do dinheiro público.

 

Um número assustador

Um relatório divulgado pela CGU, ontem, demonstra que entre as emendas parlamentares liberadas em 2020, 42% das obras não foram iniciadas e 9% encontra-se paralisada. Esse dado demonstra como os recursos públicos são mal aplicados em nosso país. O principal problema são projetos deficitários, especialmente pela incapacidade das gestões municipais da maioria dos 5.565 municípios brasileiros não possuírem expertise técnica. Um exemplo claro são os recursos do PAC1 liberado para melhorar a reservação de água de Pacaraima, no ano de 2011, a dinheirama de R$6,7 milhões foi devolvida em 2019 por Denarium sem ser executado um centímetro da ampliação da barragem que amenizaria o problema da falta de água naquele município. 


O governo federal precisa urgentemente de um banco de projetos que permita às gestões municipais utilizarem para obras mais simples, bem como deve fomentar uma carteira de empresas selecionadas nos Estados para elaboração de projetos, com os recursos previstos nos convênios para esse fim. Isso ajudaria muito a melhorar a execução financeira desses orçamentos. Outra questão é combater a corrupção, para isso é fundamental recompor quadros técnicos dos órgãos de fiscalização, além de reduzir a terceirização deste serviço. Caso contrário veremos milhões e milhões empacados sem que seu investimento alcance uma etapa útil para atender aos interesses de nosso povo. Um grande exemplo disso é o programa de construção de creches criado por Dilma que se encontra com esqueletos de alvenaria a servir de locais de violência contra as mulheres em vários locais desse país, em virtude da incompetência das gestões locais.


Bom dia, com alegria.

 

Fábio Almeida


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