Hoje veremos qual tipo de Estado a Ca$a Legi$lativa propõe ao povo roraimense. A escolha da vaga aberta no TCE propiciará percebermos que a prática não representam o que dizem. Trago esse tema diante da defesa da meritocracia que faz a direita no Estado e do país. Porém, o mérito não é uma das principais características na escolha dos representantes ao TCE – entre outros espaços públicos em Roraima, vale o parentesco – prestigiasse o poder de convencimento na garantia de interesses nada republicanos, solidificados nos gabinetes e corredores da administração pública estadual.
No entanto, a meritocracia defendida por eles consiste principalmente no combate as políticas de cotas que garante aos filhos e filhas da classe trabalhadora acesso a formação superior e a reserva de vagas em concursos públicos – ao falar nisto é importante lembrar que precisamos em Roraima estabelecer cotas para negros e negras, além dos indígenas nas etapas dos concursos públicos estaduais. Isso se estabelece exclusivamente pelo ódio de classe que impera na burguesia e em parcelas da classe média brasileira, some-se o racismo estrutural e o preconceito contra segmentos da sociedade.
Essa reflexão é fundamental para entender que o processo do TCE reproduz apenas uma disputa entre interesses da elite política do nosso Estado. Debates esses que não representam os interesses do povo de ter um órgão de controle de contas independente para apurar os crimes administrativos existentes e a execução financeira dos órgãos. Por exemplo, a Ca$a Legi$lativa sofreu durante as duas últimas décadas varias operações do MPE e da polícia, as cartas marcadas demonstraram como nosso suado dinheiro era desviado, a farra de diárias, capitaneadas pelo atual Pre$idente da Ca$a, demonstra a importância das instâncias de controle. Quando ouvimos falar na reprovação das contas da ALE/RR? Nunca. Quando vimos a responsabilização financeira do Governador do Estado? Nunca. E não é pela ausência de servidores, ao contrário, fundamenta-se pelo corporativismo classista, estabelecidos entre os indicados e seus eleitores.
O atual processo de escolha da nova cadeira a ser ocupada no TCE é regada de agressões e denúncias, entre o que parece, mas não é, promovida pelos dois principais candidatos. Uma das acusações mais grave consiste na denúncia, por um dos candidatos, de que o governo usa a inteligência das forças de segurança para monitorá-lo. A suspeição levou o novo Secretário de Segurança Pública – aquele que utilizou indevidamente apenados para reformar e limpar sua casa – a comparecer na ALE/RR para tentar desfazer o que denominou de mal entendido.
Ocorre que o Deputado/Candidato em sua denúncia apresentou que o assessor parlamentar de Hiran Gonçalves, Disney Mesquita – homem de Denarium – estava junto com os agentes da inteligência do Estado. O que um cidadão normal anda com equipes que estavam em missão? Segundo os apontamentos do Secretário de Segurança ao justificar a presença dos agentes em evento do deputado em Rorainópolis. Essa pergunta é necessária ser respondida, a fim de que possamos compreender qual é ou são as efetivas regalias que possui o ex-coordenador da campanha de Denarium.
Temos apenas uma candidata que efetivamente cumpre todos os critérios para exercer o cargo de conselheira, uma advogada. Sua escolha é muito difícil, pois a eleição ao TCE transformou-se em duas brigas importantes que culminarão no rompimento ou adesionismo efetivo dos deputados a gestão Denarium. Em um campo encontra-se Denarium e Mecias que disputam a hegemonia do poder político em Roraima. A outra disputa é pela hegemonia na ca$a legi$lativa e se acontece entre Sampaio e Marcos Jorge, apesar destes integrarem o mesmo partido, fomentam o conflito de suas maiores lideranças, respectivamente Denarium e Mecias.
Caso a ALE/RR promova uma derrota ao Denarium, poderemos ver em breve a possibilidade que algum processo de impedimento do governador possa ser analisado pela casa, pois ele demonstrará perda de força política, mesmo que de forma parcial, pois um governo com os cofres cheios, de tanto economizar financeiro com cortes no orçamento de políticas públicas e não pagamentos de faturas a credores – temos empresários da construção que completam 5 meses sem receber nenhuma fatura. Cadê o TCE? Encontra-se deitado em berço esplêndido, curtindo os altos salários pagos por nós trabalhadores.
Porém, se Denarium ganha o round e consegue emplacar mais um parente na administração pública, neste caso sua esposa Simone Denarium, surge um governo fortalecido, porém, refém dos interesses da Ca$a Legi$lativa. Transformando seu governo para os ricos, em outro trágico governo a la Suely Campos. Não terá mais autoridade para nada, pois se tornará refém dos interesses políticos dos parlamentares e sua gana, não pela implementação de políticas públicas, pela garantia de negócios privados.
No mais essa vergonhosa disputa demonstra à população, especialmente aos trabalhadores a necessidade de construir uma unidade em torno de levar o governo e o legislativo a atuarem na defesa de políticas públicas que melhorem nossa qualidade de vida. Devemos repudiar o aparelhamento das instâncias de fiscalização com interesses corporativos de verdadeiras organizações que se forjam para manter privilégios e manter a histórica opressão sobre o povo.
Por isso, sou defensor de seleção pública para conselheiro do TCE, tendo mandato máximo de 10 anos de atuação. Esse é um debate descente e produtivo à sociedade, não os disparates que vivenciamos na assembleia, nas rádios, nos jornais e nas mídias sociais, onde um dos candidatos afirmou categoricamente que era candidato para garantir proteção a ca$a legi$slativa.
Enquanto eles brigam por interesses outros, nós continuamos vivendo como o seu Antônio que encontrei em uma parada de ônibus no São Vicente, a sofrer com as migalhas de pão que nos impõe desemprego, filas para atendimento público, educação de péssima qualidade, falta de água, níveis alarmantes de violência contra mulher, só para citar alguns problemas que como a saúde de Roraima nos levam a morte, não física apenas, como cidadãos e cidadãs que pagam impostos para essa turma de aproveitadores.
SAÚDE
A noite desta quarta-feira iniciará a 9ª conferência estadual de saúde, mais uma vez o governo resolve prestigiar um dos seus aliados e contrata o espaço da faculdade Catedral para promover o encontro que deverá aprovar uma moção de destituição da gestão incompetente da Cecília. Outro ponto fundamental a ser debatido consiste no modelo de privatização da gestão hospitalar das nossas unidades de referência terciária. A do HGR suspensa por determinação do TCE, depois da repercussão de uma matéria feita por esse cidadão. No mais queremos debater questões concretas de sermos o Estado com a maior taxa de mortalidade materna do país, quando nossas mães não possuem nem uma maternidade pública de qualidade e humanizada para trazer ao mundo seus rebentos. A conferência terá embates duríssimos a tempo que denunciará os salários milionários de poucos e a falta de medicamentos e insumos para o povo. Ao final do evento deverá ser escolhida a representação de nosso estado à conferência nacional.
CARNE PODRE
O comércio de carne clandestina é uma realidade na cidade de Boa Vista, tendo em vista os altos custos impostos ao mercado local pelo Frigo 10, empreendimento de Denarium, J Lopes e outros criadores de bovinos. O monopólio promoveu alta nos preços, apesar de Denarium impor ao criador de pequeno porte poucos recursos na compra do boi em pé. Isso tem levado a diminuição da criação em pequenas propriedades e a estruturação do comércio clandestino de carne na cidade, principalmente para atender os nossos bolsões de pobreza que se multiplicam pelo nosso querido Roraima, no mesmo ritmo acelerado que multiplica o orçamento, no entanto, esse serve apenas para atender os interesses da aristocracia reacionária que governa Roraima.
TELEGRAM
A postura da mídia social no dia de ontem demonstra como é necessário que o Estado brasileiro promova a regulamentação deste serviço. Os usuários receberam uma mensagem de texto da empresa considerando que o PL 2630/2020 promove a censura de brasileiros e brasileiras. O auge da narrativa mentirosa consiste na retórica de que o governo transfere do poder público às empresas, denominadas big techs – grandes da tecnologia, a responsabilidade de punição e monitoramento legal das redes. Isso é uma grande mentira, o poder público continua a estabelecer regras, a monitorar as redes e a promover as referidas ações judiciais para punição de infratores. O projeto prever e regula que as empresas de tecnologia e mídias sociais devem conter vídeos e áudios impulsionados nas plataforma quando este promove ódio, morte, xenofobia, racismo, nazismo ou outros crimes, produtos avaliados pela empresa antes de permitir sua circulação. Isso é a efetiva responsabilização civil desta empresas, algo que elas não querem.
Portanto, não há transferência de responsabilidade, existe sim, a determinação de responsabilização destas empresas com as leis brasileiras e o povo brasileiro. A monetização destes conteúdos também passa a ser vedada, não é possível que canalhas promovam culto a morte de nossas crianças e ainda ganhem dinheiro com isso. Acerta o governo federal de acionar a justiça contra a publicidade e o disparo de mensagens em massa, para milhões de brasileiros e brasileiras. Essa prática é criminosa e precisa ser avaliada no âmbito do judiciário. Agora, se quiser deixar o país, a porta é a serventia da rua, teremos outras formas de consolidar nossa interação, respeitando as leis brasileiras.
VALEU RITA LEE
A cultura é fundamental ao processo de solidificação de uma nação, principalmente quando a artista promove um enfrentamento constante aos padrões de sociabilidade impostos pelo Estado, neste caso o brasileiro que teve a desonra de prender a cantora quando grávida de seu primeiro filho, durante a ditadura militar. Sua morte deixa um vazio presencial, não existencial, pois sua música continuará encantando redes, camas, moinhos e ventos revolucionários promovidos outrora pelos roqueiros deste país. Muito obrigado pela atenção e dedicação protagonizada pela sua passagem aqui conosco.
MST
Amanhã começará em Sao Paulo uma das maiores feiras da agricultura familiar, promovida pelo MST. Essa é uma resposta sábia dos trabalhadores e trabalhadoras do movimento contra os ataques desferidos pela direita brasileira. Recentemente a Câmara dos Deputados aprovou a 5ª CPI contra o MST nos últimos 15 anos. Nas investigações anteriores nada de malversação de recursos e crimes ficou comprovado. Agora a direita quer enquadrar o MST como movimento terrorista, demonstrando claramente que a lógica de criminalização de movimentos sociais continua a ser uma das principais bandeiras da extrema direita brasileira. Hoje, o MST é o maior produtor de arroz e soja orgânica do mundo, além de uma das maiores produtoras de frango do país, e gestor de milhares de assentamentos que englobam quase meio milhão de pessoas, demonstrando que a democratização da terra é fundamental à produção de alimentos, não de comodites como é hoje priorizado pelo governo infelizmente. Apesar do atual governo ter promovido algumas pequenas mudanças é fundamental que o modelo produtivo existentes nas áreas do movimento possam expandisse pelo país por ser exitoso. Parabéns ao movimento e aos roraimenses do MST que se deslocaram para potencializar esse evento de resistência política na luta pela democratização de acesso a terra e pela reforma agrária.
Bom dia. Um forte abraço.
Fábio Almeida
Jornalista e Historiador
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