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Foto do escritorFabio Almeida

04/10/2023

A greve é política. Essa foi a afirmação do governador de São Paulo na tentativa de deslegitimar o movimento paredista conclamado por servidores da Sabesp, do metrô e da CPTM. A fala parte do princípio basilar de que a classe trabalhadora possui o direito exclusivo de vender sua força de trabalho, não pode fazer política. Já essa ação proclamada por Platão como a essência da democracia - ou poder do povo - no Brasil é negada ao povo e às suas entidades. Greves com fins políticos são crime e rende multas às organizações, assim determina a justiça burguesa.


Governador, temos sim o direito de fazer greves e dizer que não aceitamos caminhos na organização de serviços públicos, essenciais à vida dos nossos, às mãos do lucro canibal que espolia a vida dos brasileiros e brasileiras. Se o governo quer privatizar algo comece pela manutenção de suas regalias. Privatizem os banquetes, os carros de luxo, as viagens. Esse é um bom caminho, os quais se desejados por qualquer trabalhador, ele irá bancar seus custos com seu salário, já o governador com nossos suados impostos. Por que o Governador tem o privilégio de nossos impostos pagarem a conta do seu caviar?


Mas, essa privatização não dá lucro. Os ganhos para poucos, sobre o sofrimento de muitos, advém de outros espaços públicos, desejados por grupos de empresários brasileiros e estrangeiros há muitos anos. Querem privatizar as águas públicas que passariam a render alguns milhões a mais de lucro. Um movimento equivocado, porém de grande força numa banda da política brasileira que ainda se alinha com a corrente liberal de menos Estado. As principais cidades do mundo que fizeram a privatização dos sistemas de saneamento, hoje fazem movimentos de estatização novamente, pois o lucro não coaduna com serviços essenciais à vida. A água é um destes serviços.


No entanto, enquanto nosso povo morria de Covid19, em agosto de 2020, o congresso nacional aprovava a Lei 14.026 proposta pelo desgoverno de bolsonaro. Baseado nesta legislação que o mamulengo do ex-presidente da república, que governa São Paulo, encaminha a privatização da empresa, rejeitada pela maioria da população. Bom, se a maioria do povo e os trabalhadores são contra a privatização da Sabesp. Por que não podem fazer greve se a gestão estadual continua a avançar nessa direção?


A disputa política no estado burguês ocorre nos frios corredores da administração pública. Por isso, a imprensa repercutiu que o espaço de debate é a assembleia legislativa. Como o povo debaterá suas propostas em uma casa que na votação da última privatização da linha 9 e 8 da CPTM colocou a polícia para agredir as pessoas que protestavam? Não há espaço de diálogo com a burguesia e sua sanha lucrativa. Resta aos trabalhadores e ao povo na prática o levante nas ruas. Ou mesmo, a embargada voz conclamando a unidade em defesa do povo. Esse foi o movimento deflagrado corretamente, hoje em São Paulo.


No Brasil precisamos retomar a defesa da tarifa zero ao nosso povo. Se podemos gastar R$2,4 trilhões com bancos e especuladores financeiros, por que não gastamos recursos de nossos impostos na gratuidade do transporte público? Uma medida essencial para combater a emissão de gases na atmosfera. Uma forma eficiente de dialogar com o meio ambiente. Esse deveria ser o debate central em nossos governos. No entanto, retrógrados como são as oligarquias que nos governam, estamos a debater caminhos já superados em muitas nações. Aqui o trabalhador desempregado fica impedido de circular à procura de emprego. Esse é nosso Brasil.


Em Boa Vista, por exemplo, vivemos em um monopólio privado no transporte público. Apesar do alto custo da tarifa, passamos horas a fio nas paradas de ônibus - ou melhor, procurando uma sombra próximo das paradas, pois elas foram idealizadas para receber os calorosos raios solares da linha do equador - um descaso imenso com nosso povo. Aqui um dos principais temas a serem debatidos nas eleições vindouras deverá ser o transporte público. Em minha opinião deve ter três princípios objetivos: a) estatização do serviço; b) garantia de gratuidade a pessoas que possuam renda familiar de até ½ salário mínimo; c) integração e diversificação da frota de transporte público.


É fundamental que as organizações da classe trabalhadora possam sim pautar modelos da organização do estado. Precisamos enfrentar os avanços do capital penalizador dos trabalhadores que chegam atrasados, devido a greve nos trens e metrôs, mas querem amanhã extorquir mais, com as altas tarifas a serem praticadas. Não pode haver dúvidas das necessidades destes movimentos oriundos do seio da classe trabalhadora. O nosso silêncio contribui para o processo de espoliação imposto pela burguesia.


Portanto, Governador Tarcísio (Republicanos/SP) você representa um projeto burguês de penalização da nossa classe trabalhadora, sua estratégia é melhorar a qualidade de vida aos mais ricos, a nossa é que possamos garantir uma melhor qualidade de vida ao povo trabalhador. Nossos pólos são opostos. No entanto, você possui o poder do estado e do dinheiro público para promover seus interesses de classe, nós temos apenas a nossa voz e coragem de lutar. Por isso, fazemos sim um enfrentamento político ante os interesses de privatizações de serviços públicos, seja em São Paulo, ou qualquer outro lugar do Brasil e do mundo. Que bom que reconhecesse que a greve foi política. Desta forma, a população ficará mais atenta ao que esse governo dos ricos quer fazer pelas bandas da serra da cantareira.

 

ELE ERA DISPERSO

Em entrevista, o presidente do banco central - o homem que mantém os juros reais do Brasil acima de 8% ao mês, gerando muita grana para especuladores financeiros - afirmou que nas reuniões que realizava com Bolsonaro a duração era de até 3 minutos, pois logo após ele ficava disperso. Ante a sanha golpista do ex-presidente, acredito que a pauta da reunião era juros e ele queria saber como o BC poderia ajudar com o golpe. A questão central não é a condição de concentração do ex-mandatário sobre determinado tema, mas sim, a ausência de cultura geral que permitissem que uma conversa sobre determinado tema possa enveredar por recortes que possibilitem uma interpretação melhor do interesse público. Ou quem sabe a estratégia central das conversas era para criar formas de aniquilação das pessoas que reconhecia como inimigo. Depois de ser associado a preguiça de trabalhar não é incomum a fala do presidente do BC. Parece que a dedicação girava em torno das notícias falsas.

 

MOVIMENTO EXTREMISTA

O dia 05/10 parece começar a sofrer o mesmo processo de apropriação por hordas extremistas, a exemplo do que ocorreu com o 07 de setembro. Um chamado característico da oligarquia agrária e dos movimentos golpistas já organizados em Roraima, circulam de forma apócrifa, convida a população para na praça Joaquim Nabuco participar de uma festa com sorteio de brindes e distribuição de comida. O evento possui o seguinte mote “Roraima, quem ama defende”. No entanto a defesa central do movimento é contra demarcação de terras indígenas, pela liberação do garimpo, privatização de serviços públicos, enfim consiste em um movimento privatista e destruidor dos trabalhadores e do meio ambiente. No entanto, sua ressonância com as igrejas neopentecostais cria um apoio sólido em Roraima. Tanto que a marcha para jesus ocorrerá neste mesmo dia e terá a praça Joaquim Nabuco como um dos roteiros. No dia de celebrar a criação do Estado de Roraima teremos nas ruas da cidade o eco de uma política de ódio e opressão a minorias.

 

EREU

A gleba Ereu, localizada na região do Amajarí consiste na mais nova área de grilagem de terra em Roraima. Se bem que a política de grilagem de terra é algo que se tornou praticamente uma ferramenta da administração de terras do estado, após a aprovação da Lei 1351/2019 que alterou a Lei 976/2014.

Além das vantagens financeiras no processo de regularização de terras e da possibilidade da regularização de áreas superiores a 2.500 hectares, limite imposto pela constituição federal. O Governo Denarium ao alterar a legislação de 2014, dispositivo que regula a política fundiária do estado, retirou o artigo 4º que determinava como ocupações legítimas as áreas ocupadas de forma mansa e pacífica até a data de 17 de junho de 2009.


O governo Suely Campos, em parceria com a oligarquia agrária que hoje governa Roraima, promoveu uma verdadeira deterioração da legislação fundiária, reconhecendo todas as terras griladas, após o decreto presidencial 6.754/2009, como ocupações pacíficas. Esse é um processo que ainda continua em Roraima, a propriedade privada da terra não é medida pela existência do cocho na terra, como ocorria no início do século passado, agora, apenas é preciso solicitar a legalização e pagar o georreferenciamento, a ser feito por qualquer empresa.


Uma auditoria sobre a concessão de títulos de propriedades rurais em Roraima é necessária para apurar possíveis malversação dos bens públicos. Os quais podem ter servido para atender interesses de políticos locais e seus operadores, como ocorre na região do Pacú, localizado no município de Amajarí. Não é à toa que esse município se tornou um dos principais nas operações áreas do garimpo ilegal, na TI Yanomami. O crime e o estado parecem caminhar de braços e abraços, com os órgãos de controle deitados em berços esplêndidos a usufruírem de rechonchudos orçamentos.


Bom dia com alegria.

 

Fábio Almeida

fabioalmeida.rr@gmail.com


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